EDUCAÇÃO

Brasil fica estagnado na qualidade de ensino e longe da maioria das metas

Responsáveis pelo Ideb avaliam que aumento de 0,1 ponto é considerado estagnação
Por Agência Estado 15/08/2024 - 17:42

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© Rovena Rosa/Agência Brasil
Ministério da Educação (MEC) divulgou os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023
Ministério da Educação (MEC) divulgou os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023

O Brasil registrou uma ligeira melhora na qualidade da educação básica, mas ainda se mantém distante de metas para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio. O Ministério da Educação (MEC) divulgou os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023 nesta quarta-feira, 14. Na avaliação dos responsáveis pelo indicador, o aumento de 0,1 ponto em relação ao pré-pandemia pode ser considerado uma estagnação.

O Ideb inclui notas das redes pública e particular. É composto pelas médias nas provas de Português e Matemática do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e pelas taxas de aprovação. Nos anos iniciais (1º ao 5º) do ensino fundamental, o País teve nota 6 no Ideb 2023, o que superou o patamar anterior ao coronavírus (5,9), e atingiu a meta que deveria ter sido alcançada pela etapa ainda em 2021. A nota varia de 0 a 10.

Já nos anos finais do fundamental (6º ao 9º), o resultado foi 5 em 2023, ante 4,9 em 2019. A meta para essa fase era de 5,5. No ensino médio, o Brasil ficou com 4,3; ante 4,2 em 2019. O índice é um ponto menor do que a meta de 5,2, prevista para 2021. O indicador foi criado em 2007 - na gestão de Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, no MEC -, com metas até 2021. Este é o primeiro ano no qual não há objetivos específicos a serem alcançados. O MEC, porém, tem considerado os objetivos para 2021 e afirma que elabora um novo indicador para a qualidade a partir de 2025. "Não há nenhuma política pública que tenha êxito sem ter metas, objetivos, planejamento, estratégia", disse o ministro da Educação, Camilo Santana.

Este é o primeiro ciclo analisado a fornecer indicativos sobre o impacto da pandemia de covid-19 na educação. Isso porque os dados referentes a 2021 acabaram prejudicados por causa das altas taxas de aprovação durante o período, já que grande parte das redes adotou o chamado "continuum curricular", com a fusão dos anos letivos de 2020 e 2021.

Além disso, poucos estudantes fizeram o Saeb naquele ano, o que pode influenciar no indicador. Nesse contexto, especialistas afirmam que comparar as taxas verificadas em 2023 com a edição de 2021 causaria distorções.

Visão do governo

Santana comemorou a melhora nos anos iniciais. "Foi a faixa etária do ensino básico mais afetada pela pandemia, pela dificuldade do acesso virtual ao ensino. Quero registrar o esforço das redes, sobretudo as municipais. Uma conquista importante." Segundo ele, estratégias de recuperação de aprendizagem em outros anos serão discutidas com os secretários. "Uma das principais preocupações no médio é assegurar a permanência", afirmou Manuel Palacios, presidente do Inep, destacando a bolsa Pé-de-Meia do governo.

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