MINISTÉRIO PÚBLICO

Kel Ferreti: veja os trechos da denúncia de estupro contra o influenciador

Ex-policial está preso desde o dia 4 de dezembro por suspeita de lavagem de dinheiro
Por Bruno Fernandes 17/12/2024 - 08:35

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Reprodução/Instagram/@keelferreti
Kel Ferreti foi levado para a sede do Gaesf
Kel Ferreti foi levado para a sede do Gaesf

O influenciador digital e ex-policial militar Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido como Kel Ferretti, foi denunciado pelo Ministério Público de Alagoas (MP-AL) pelo crime de estupro. Segundo a denúncia apresentada no último dia 11, Ferretti teria mantido contato com a vítima, uma enfermeira de 28 anos, após conhecê-la em um grupo de apostas online.

Conforme o relato, ele teria oferecido dinheiro acima do habitual e sugerido trocas de favores íntimos, evoluindo para um encontro na pousada Aloha, em Maceió, onde o crime teria ocorrido com agressões físicas. A defesa nega as acusações. Veja os detalhes:

Contato inicial e promessas financeiras

A vítima conheceu o denunciado, Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido como “Kel Ferretti”, através de um grupo de apostas online chamado jogo do tigrinho. O acusado, que era administrador do grupo, oferecia depósitos financeiros aos participantes para incentivar o cadastro em plataformas indicadas por ele. “Quando a vítima entrou no grupo em questão, logo foi chamada pelo denunciado no privado, o qual solicitou os dados bancários da vítima para que o pix fosse feito”, detalha o documento.

O valor inicialmente oferecido de R$ 50 foi aumentado para R$ 100, o que marcou o início das conversas em tom mais pessoal. Durante as interações, o acusado afirmou que era casado, tinha dois filhos e se apresentou como policial. Ele passou a fazer elogios à vítima, sugerindo que ela poderia “dar coisas em troca” em favor de ajuda financeira.

O encontro marcado na pousada

Após o avanço das conversas com insinuações sexuais e envio de fotos íntimas solicitadas pelo acusado, o denunciado marcou um encontro com a vítima no dia 16 de junho de 2024. Segundo a denúncia, Kel Ferretti orientou que a vítima fosse até a Pousada Aloha, no bairro Cruz das Almas, de Uber, para que não houvesse registros do carro dela no local. “Ela deveria ir logo, e que ela não deveria se identificar quando chegasse ao local, devendo apenas informar o número do quarto, que já estaria pronto para sua chegada”

O encontro foi marcado no quarto 14, localizado no terceiro andar. Quando o acusado chegou, demonstrou familiaridade com o local e desinteresse em iniciar uma conversa.

O início da violência durante o ato sexual

De forma repentina e agressiva, o acusado iniciou o ato sexual com a vítima. O documento relata que ele a beijou com força, mordendo sua boca, e começou a penetrá-la de forma violenta, mesmo percebendo que ela não estava preparada fisicamente. “O autor, que estava sentado na cama com a vítima 'montada' em suas pernas, chegou a dar socos nas costelas e no quadril da vítima, além de ter desferido tapas fortes no rosto da vítima”.

As agressões foram tão intensas que deixaram o rosto da vítima inchado. “Um golpe com a mão fechada chegou a pegar de raspão no rosto (lado esquerdo) da vítima”.

A intensificação das agressões e ameaças

À medida que o ato prosseguia, a violência aumentou. O acusado mordeu os seios da vítima, ignorando os pedidos de que parasse devido à dor. “Ele afirmou que iria ‘arrancar os peitos’ dela daquela maneira”. Em outro momento, ele puxou os cabelos da vítima enquanto a penetrava brutalmente na posição de quatro apoios, desferindo tapas e socos nas nádegas.

A vítima tentou se afastar, mas permaneceu imóvel por medo de que o acusado pudesse matá-la. Em determinado momento, ele chegou a estrangulá-la, e ela acreditou que iria morrer: “A vítima, que imaginava que iria morrer e tendo a sensação de que iria desmaiar, ficou desesperada, até que o denunciado soltou o pescoço e continuou penetrando até ejacular”.

Busca por ajuda

Após concluir o ato, o acusado vestiu-se, fez piadas e se despediu da vítima com desprezo. “Ele 

perguntou se ela teria gostado ‘do Kell Ferretti’, referindo-se a si mesmo em terceira pessoa”. A vítima permaneceu na cama chorando, tentando processar o que havia acontecido.

Nos dias seguintes, temendo represálias, a vítima não contou imediatamente o ocorrido, mas registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia virtual. “Ela buscou ajuda no Hospital da Mulher e mostrou as fotos dos hematomas ao acusado, que respondeu que ela deveria ‘colocar gelo no local’”. O laudo do exame de corpo de delito e as fotografias comprovaram as lesões sofridas, evidenciando a brutalidade do crime.

Prisão

Ferreti foi preso em 4 de dezembro durante a operação Trapaça, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (GAESF) do Ministério Público. Ele é investigado por suspeita de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Durante a ação, foram apreendidos R$ 20 mil, celulares, documentos e um Porsche. O MP também solicitou o bloqueio de R$ 21 milhões em contas associadas a supostos “laranjas” e apreendeu 10 veículos de luxo.

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