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De remédio pelo Instagram a confusão no doping: o problema que Walter se tornou no CSA
Licenciado da presidência do CSA até a eleição realizada em 7 de outubro, Rafael Tenório recebeu telefonema da Federação Alagoana de Futebol na segunda semana de setembro. O telefonema era para avisar que Walter havia sido flagrado no exame antidoping em partida contra o Fortaleza, em 20 de julho. Ligou em seguida para diretores e o técnico Marcelo Cabo.
“Eu avisei que não era para contratá-lo”, foi o que se limitou a dizer. Quando foi consultado pela imprensa, Tenório não confirmou ou negou a informação do doping. Disse que esperava mais dados. Semanas se passaram até que anunciou que o exame da contraprova da urina do atacante havia dado negativo.
Durante um mês, o clube viveu situação inusitada. O CSA foi avisado de maneira extraoficial sobre o doping e se preparou para responder ao caso, mas não houve nenhum comunicado oficial.
Consultado pelo Yahoo Esportes, a CBF disse que não poderia se pronunciar sobre o assunto, assim como a Comissão Brasileira de Controle de Antidopagem. No sorteio dos grupos da Copa do Nordeste, no último dia 4, o presidente da Federação Alagoana Felipe Feijó reconheceu ter sido comunicado por telefone do caso, mas apenas de maneira verbal.
A confusão resume a passagem de Walter até agora pelo CSA. O mais caro salário do elenco (R$ 130 mil mensais, contando produtividade), ele foi contratado em abril a pedido do técnico Marcelo Cabo, que havia trabalhado com o atleta no Atlético-GO. A fama de artilheiro não se justificou até agora. Ele tem dois gols marcados pelo CSA na Série B em nove partidas.
A última foi contra o Fortaleza, no jogo em que teria acontecido o doping que a Federação Alagoana informou o CSA, mas ainda não confirmou. Há a expectativa de que fique no banco nesta sexta (12), quando o time enfrentar a Ponte Preta.
“As decisões no departamento de futebol do CSA são colegiadas, assim não há apenas um responsável quando as coisas dão certas ou dão erradas. Eu realmente era contra a chegada do Walter, mas fui voto vencido. Eu não tenho o que falar do esforço dele. É um rapaz muito esforçado nos treinamentos. Mas ele tem aqueles problemas que todo mundo conhece”, admite Tenório, que se afastou por alguns meses do clube porque era candidato e se elegeu como suplente de senador na chapa de Renan Calheiros (MDB).
Os problemas são com a balança. A diretoria suspeita que Walter caiu no doping por causa de remédios para emagrecer. Um cartola ficou sabendo que a mulher do jogador compra os medicamentos para o marido pelo Instagram, sem conhecimento do departamento médico do clube. Desde que apareceram os boatos sobre o teste antidoping positivo, ele tem postado nas redes sociais fotos de alimentos saudáveis que estaria consumindo para entrar em forma e voltar a jogar.
A cartolagem do CSA desconfia. Um dos gerentes da agremiação disse ao Yahoo Esportes que sua família é dona de pizzarias na capital alagoana. Um dos endereços de entrega mais frequentes de pizza é o apartamento de Walter no bairro da Ponta Verde.
Ele não atua desde julho porque tem uma lesão no joelho esquerdo. Seria um problema para qualquer equipe, mas quem considerar que o CSA está na briga para chegar à Série A do Brasileiro, verá que a contusão se tornou uma benção. Em agosto, foi preso por ameaçar funcionários da Eletrobras com uma arma de brinquedo. Estes foram ao apartamento para desligar a energia por falta de pagamento. Um dos empregados acusou Walter de lhe dar um tapa na cara. O acusado nega.
“Foi um mal-entendido. Não precisava chegar a esse ponto. Mas o cara viu que era eu, um cara famoso, e levaram para frente”, disse o atleta, ao ser preso.