PRODUÇÃO ARTESANAL

Argila, madeira e talento projetam alagoas para o mundo

Por Cecília Tavares / Sedetur 18/12/2018 - 09:05

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Monumentos na orla de Maceió formam o circuito de intervenções Foto: Kaio Fragoso
Monumentos na orla de Maceió formam o circuito de intervenções Foto: Kaio Fragoso

“Eu me sinto orgulhosa, porque o meu trabalho para trás não tinha valor. Hoje, graças a Deus, tem filho de Deus que se lembra da gente, de botar nossa obra para todo mundo conhecer, né? É uma honra muito grande que eu sinto”. Essas são as palavras de Dona Irinéia, a mestra artesã de 71 anos que acaba de ter uma de suas obras mais famosas, “O Beijo”, transformada em um monumento de 6 metros de altura, instalado nas proximidades da Lagoa da Anta, na Jatiúca, em Maceió.

Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005, a artista, natural do povoado quilombola de Muquém, em União dos Palmares, começou a moldar panelas de barro ainda na juventude, para ajudar sua mãe e colaborar com o sustento da família.

Cinquenta anos depois, os contornos expressivos dos ancestrais quilombolas moldados por Dona Irinéia são prestigiados mundo afora – com obras expostas em Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Milão, na Itália.

Assim como Dona Irinéia, André Barbosa Cavalcanti, o “André da Marinheira”, alagoano natural de Boca da Mata e um dos expoentes da arte de esculpir em madeira, também teve uma de suas obras icônicas, “O Leão”, transformada em monumento, instalado na entrada do bairro do Pontal da Barra.

“Eu fico muito feliz, porque é mais um degrau que subo na minha vida. Isso vai beneficiar não só a mim, mas também aos jovens que começaram a esculpir em madeira e terão sua profissão mais valorizada”, afirmou André da Marinheira.

Para João das Alagoas, mestre artesão e Patrimônio Vivo do Estado, que teve seu “Boi Bumbá” ampliado e instalado na Avenida da Paz, o sentimento de ter seu talento reconhecido e exposto é muito especial.

“A gente que mora no interior, às vezes, não é reconhecido nem na própria cidade. Então, ter uma peça minha na orla de Maceió, que é um dos locais mais privilegiados do mundo em termos de turismo, é muito emocionante”, afirmou João das Alagoas.

Os três novos monumentos, instalados no último dia 13 de dezembro, se unem à “Sereia”’, do Mestre Zezinho, inaugurada em 2017 na orla da praia da Pajuçara, formando uma rota de intervenções urbanísticas de arte popular, denominada de Circuito Alagoas Feita à Mão.

O Circuito dá visibilidade ao artesanato local e incentiva o turismo cultural em Alagoas.

“É muito bacana para o turismo de experiência e, principalmente, para o nosso artesanato. É importante ressaltar que não são apenas esses quatro mestres que estarão imortalizados, mas todos os 12 mil artesãos alagoanos cadastrados no Programa do Artesanato Brasileiro (PAB)”, pontuou o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito.

Programa do Artesanato Brasileiro - O Programa do Artesanato Brasileiro atua na elaboração de políticas públicas envolvendo órgãos das esferas federal, estadual e municipal, além de entidades privadas, priorizando a geração de ocupação e renda e o desenvolvimento de ações que valorizem o artesão brasileiro. Em Alagoas, é coordenado pela Sedetur. No Estado, mais de 12 mil pessoas possuem a Carteira do Artesão; desse montante, o ofício integra a renda familiar de 60%.

O Governo de Alagoas promove uma série de projetos e iniciativas que buscam valorizar e incentivar a comercialização dos produtos genuinamente alagoanos, que compreendem uma importante atividade econômica. Um deles é a criação da marca Alagoas Feita à Mão, que promove exposições, publicação de editais para selecionar participantes em feiras e eventos nacionais, além da divulgação do catálogo comercial do artesanato alagoano.

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