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Universidade contesta laudo da CPRM sobre tremores

Por Com Valor Econômico 16/09/2019 - 10:04
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Divulgação
Foto panorâmica do bairro do Pinheiro
Foto panorâmica do bairro do Pinheiro

Estudos de geofísicos da Universidade de Houston, nos Estados Unidos, para investigar o afundamento do solo em áreas de Maceió concluíram que, a partir dos resultados e informações disponíveis até o momento, não é possível relacionar a extração de sal-gema da petroquímica Braskem ao evento geológico, que já levou centenas de famílias dos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro a deixarem suas casas.

Conforme reportagem do Valor Econômico, pesquisadores do centro americano também apontaram falhas na metodologia usada pelo Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) no laudo apresentado em maio, que associou a extração do sal aos problemas enfrentados em três bairros da capital alagoana.

"De acordo com os pesquisadores Aibing Li, Rob Stewart e Yingcai Zheng, professores na Universidade de Houston, a simulação geomecânica de um eventual colapso das minas, que não chegou a ser feita pela CPRM, mostra que, se isso acontecesse, o impacto na superfície do solo seria de no máximo 0,6 centímetro ao longo de pouco mais de 32 anos. Esse valor é 67 vezes menor do que o afundamento (subsidência, no jargão técnico) medido por interferometria, que foi usado no estudo do Serviço Geológico Brasileiro", informou a reportagem da jornalista Stella Fontes.

Os especialistas apontaram ainda que o laudo da CPRM não levou em consideração a existência de outra área de afundamento do solo, distante da mineração, e de atividade tectônica na região. "Enquanto para os pesquisadores brasileiros um tremor de terra registrado em 3 de março do ano passado em bairros de Maceió está relacionado à movimentação de uma mina de sal-gema, para os estrangeiros os tipos de onda que o terremoto desenhou (a “assinatura” do sismo) mostram que o fenômeno foi natural".

Ainda de acordo com estudos, especificamente na região do bairro Pinheiro, o relatório da Universidade de Houston indica que há falhas geológicas que justificam a hipótese de estar havendo movimentação de terra agravada pela infiltração de água e ausência de saneamento básico adequado.

"Há ainda outras contestações, que serão encaminhadas pela Braskem à CPRM quando outros estudos em andamento produzirem resultados finais. Esse foi o primeiro de uma série de estudos e levantamentos contratados pela Braskem para apurar as causas do surgimento de fissuras em imóveis e vias dos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro", apontou a reportagem.

Em relatório de maio, a CPRM indicou que a mineração de sal-gema, usado na produção da resina PVC, era a principal causa desses problemas. A petroquímica, porém, questiona pontos do laudo, inclusive judicialmente, e buscou o auxílio de outros especialistas no Brasil e no exterior para investigar o assunto. 

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