DESABAFO

'Ver sua filha exposta a isso é terrível', diz pai de bebê expulsa de voo

Caso de criança alagoana com doença de pele gerou comoção nacional
Por Com Revista Crescer 03/02/2020 - 11:49
Atualização: 04/02/2020 - 11:55
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Reprodução Instagram
Marcus com a esposa e a filha
Marcus com a esposa e a filha

Uma família alagoana viveu uma situação constrangedora no aeroporto de Aracajú, em Sergipe. Marcus Vinicius Alexandre Silva, 28 anos, de Girau do Ponciano interior do estado, tinha acabado de embarcar com a mulher, o pai e a filha de 2 anos e 11 meses em um voo da Gol com destino a São Paulo, quando foram convidados a se retirarem do avião. 

O motivo alegado pela companhia aérea era de que a menina tivesse uma doença contagiosa. O EXTRA publicou o fato com exclusividade, que acabou ganhou proporção nacional. A família estava indo para a capital paulista em busca de tratamento para a pequena que sofre de ictiose — uma condição rara, mas que não passa de uma pessoa para outra. Em entrevista à revista Crescer, ele, que está desempregado, contou em detalhes tudo o que aconteceu.

"Ela nasceu perfeita, mas cerca de quinze dias depois, apareceu uma mancha vermelha ao redor da boca. Na época, a gente achou que fosse da chupeta. Depois de passar por alguns médicos, suspeitaram de dermatite. Ela melhorava e depois a mancha voltava a aparecer, mas nunca tinha ficado da maneira que está hoje. Há cerca de dez dias, ela entrou em uma crise e está com manchas no rosto e no corpo todo", disse. 

Sobre a viagem, Marcus Vinícius disse que foi a primeira vez que filha tinha entrado em um avião. "Moramos no interior e lá, os hospitais não têm muita estrutura, são mais limitados. Em São Paulo, o suporte é maior e as coisas são mais desenvolvidas. Estávamos desesperados em busca de atendimento para ela. Passamos por todo o processo normalmente — check in, raio x e portão de embarque —, ninguém falou nada até estarmos acomodados dentro do avião".

E relatou: "Faltando menos de 10 minutos para decolar, fomos abordados por um funcionário da empresa. Ele perguntou se a minha filha estava com catapora, minha esposa disse que não e explicou o que ela tem. Nesse meio tempo, um passageiro cobrou do comandante uma decisão. O piloto disse que se não saíssemos por bem, eles acionariam a Polícia Federal. Foi uma confusão e resolvemos sair. Quando descemos, o avião foi embora".

Depois, a família começou a correr para conseguir um laudo. "Propuseram que embarcássemos em um voo mais tarde, caso conseguíssemos um laudo. E aí, começou a correria. Fomos para um hospital, desesperados, explicamos a situação e uma médica nos ajudou. Voltamos para o aeroporto, demos banho nela na pia do banheiro e ficamos esperando por horas até o proximo voo".

Em São Paulo, a pequena teve piora, não queria comer e reclamava de dores. "A levamos para a emergência e ela ficou internada. Passou por exames, fez biópsia, recebeu alta e está se recuperando. Nesse momento, estamos na casa de parentes. Estamos tomando todos os cuidados e devemos iniciar o tratamento em breve. A ictiose dela não é grave e ela pode ter uma vida normal. Não é contagiosa. Ela só precisa de tratamento pra isso".

Outro lado

"A GOL esclarece que a menor e sua família tiveram o embarque negado no voo G3 1503 (Aracajú – Guarulhos), já que os mesmos não portavam atestado médico informando sobre a doença da criança, como orientado pelo manual operacional da GOL, em conformidade com as recomendações da IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreo) e chancelado pela ANAC.

A Companhia ofereceu todo o suporte necessário, como transporte de ida e volta até um hospital local, para que a família pudesse pegar um atestado liberando a menor para viagem e esclarecendo sobre o diagnóstico da doença, deixando claro que não se tratava de uma enfermidade contagiosa, de acordo com documentos e recomendações da ANVISA.

Após todos os esclarecimentos, a família seguiu viagem para São Paulo no voo G31501 (Aracajú – Guarulhos), às 11h20 de domingo (26/1).

A GOL reforça que todo passageiro com doença infectocontagiosa ou genética deve apresentar um atestado médico que especifique a ausência de risco para contágio, como é recomendado pelos órgãos regulatórios. Tal procedimento visa garantir a segurança e saúde de todos os viajantes."

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