OTIMISMO
Alagoas apresenta taxa de crescimento maior que a da economia brasileira
Estudo realizado pelo economista Cícero Péricles mostra que avanço da condição sanitária é o principal fator para cenário favorável
A economia alagoana conclui o ano de 2021 em condições melhores que as do ano passado que retrocedeu 1,5%. O principal fator para este cenário favorável é o avanço da condição sanitária, determinada pelo controle da pandemia de covid-19. Enquanto este ano a expectativa de crescimento para a economia estadual está em 5%, o desempenho nacional é de menos de 1%. É o que aponta o estudo “A conjuntura econômica de Alagoas de 2021: um balanço do segundo semestre”, apresentado pelo economista e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), Cícero Péricles de Carvalho, que traça o cenário das atividades econômicas, nos meses de agosto a novembro deste ano. Apesar do otimismo, o desemprego em Alagoas alcança 18% da força de trabalho.
Segundo o estudo, além do retorno quase absoluto das atividades que estavam sob restrição de movimentos, beneficiando, principalmente, os setores do comércio e serviços, segmentos que representam 70% da economia estadual, as chuvas regulares trouxeram uma expectativa para a produção no campo, seja na agricultura ou na pecuária. Já na área industrial, o retorno da fábrica da Braskem animou a cadeia químico-plástico, ampliando as atividades de mais de 50 empresas deste setor. A inauguração da Mineradora Vale Verde, em Craíbas, e da beneficiadora de mandioca Amafil, em Tetônio Vilela, também contribuíram para essa movimentação no setor.
O turismo também apresenta resultados positivos no segundo semestre, com possibilidades de uma alta estação, entre este mês de dezembro e fevereiro do próximo ano, melhor que todo ano passado. A construção civil, apesar da inflação do setor, que ultrapassa os 20%, consegue apresentar resultados melhores que 2020, entregando mais obras, promovendo feiras e eventos que refletem esse novo ambiente.
De acordo com Cícero Péricles, outro fator que tem contribuído para se criar um ambiente mais favorável na economia é a condição das finanças públicas do Estado. A capacidade do Estado em fazer novos investimentos é um cenário novo em Alagoas. “O avanço nas negociações da dívida estadual, uma antiga questão que penalizava o Tesouro Estadual, foi sendo equacionada desde 2012; com esse avanço nas contas estaduais novos empréstimos foram tomados; recursos extraordinários entraram nos cofres da Secretaria da Fazenda e a boa gestão ampliou a receita do Estado”, explica.
Assim, acrescentou o economista, “nestas novas condições financeiras o governo estadual cumpre seus compromissos básicos, como o pagamento da folha de pessoal e de fornecedores; melhorando a máquina pública, aumentando salários e promovendo concursos; realiza investimentos em infraestrutura, duplicando estradas, construindo hospitais, financiando obras urbanas nos municípios; e, respondendo as demandas sociais”.
O estudo aponta, ainda, que no ano passado, apesar da taxa negativa de crescimento da economia estadual (-1,5%), o resultado da arrecadação total foi positivo em 4,2%, com R$ 200 milhões a mais que em 2019. O ICMS, o principal tributo estadual, foi responsável por um aumento de R$ 161 milhões no valor arrecadado, o equivalente a 80% desse crescimento. “Este ano, com uma expectativa de crescimento de 5% para a economia estadual, a receita corrente apresenta um resultado positivo de 27,8% nos oito primeiros meses do ano, com R$ 843 milhões a mais que no mesmo período do ano passado. Neste período, a arrecadação do ICMS cresceu em 31% (R$ 794 milhões a mais), sendo responsável por 94% do aumento alcançado na arrecadação estadual.
O estudo em que o professor analisa a recuperação da economia alagoana sinaliza para dois graves problemas. A inflação em alta e a taxa elevada de desemprego são os vilões, pois penalizam a população por retirar o poder de compra e diminuir o consumo. Assim, diz o documento, um dos efeitos perversos da atual conjuntura pode ser atribuído ao aumento da pobreza (e da pobreza extrema) em todo o país. É que pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicada recentemente, informa que a pobreza em Alagoas avançou em mais um ponto, entre janeiro de 2019 e janeiro de 2021, alcançando o índice de 47,5% de sua população total, o quinto maior entre os 27 estados.
Péricles pondera ao dizer que o próximo ano vai depender de vários fatores. O primeiro deles, será o desempenho da economia brasileira que, pelo anunciado, terá um crescimento baixo, menos de 1%. Segundo ponto é a inflação que vem acelerando, já ultrapassa os 10% nestes 12 últimos meses, penalizando toda a população, reduzindo o consumo. Terceiro aspecto é o desemprego, que em Alagoas alcança 18% da força de trabalho. São 250 mil desempregados e mais 260 “desalentados”, pessoas que desistiram de buscar emprego.
“É muita gente. Baixo crescimento nacional e regional nordestino, somado a taxa alta de desemprego e inflação crescente, apontam para um ano ruim, tanto no âmbito nacional, como no estadual, em Alagoas”.
Vale ressaltar que em 2020, o primeiro ano da pandemia, apesar de Alagoas apresentar um resultado negativo do Produto Interno Bruto (-1,5%), mesmo assim foi bem melhor que o da economia nacional (-4,1%) e de outros estados brasileiros.
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