GRILAGEM

Justiça devolve a Vasconcelos área que ele invadiu em 2006

Terras do agricultor Vítor Araújo ficam na mesma região onde outra família tenta reaver a propriedade
Por Redação 05/03/2023 - 07:20
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Divulgação
Carlos Roberto Araújo, filho do agricultor, fala sobre sentimento de revolta
Carlos Roberto Araújo, filho do agricultor, fala sobre sentimento de revolta

O processo envolvendo o empre­sário Álvaro Vasconcelos e a família do pequeno agricul­tor falecido Vitor Araújo, que trata de grilagem de terras da Fazenda Brejo Grande, no Benedito Bentes, Maceió, Alagoas, se arrasta por dé­cadas. Porém, na quarta-feira, 1º de março, a Justiça alagoana foi rápi­da e em sentença relâmpago julgou procedente recurso em que o empre­sário pedia reintegração de posse da propriedade rural.

Para Carlos Roberto Araújo, filho do agricultor, o sentimento é de revolta. Segundo ele, a decisão foi falha, injusta e por isso vai recorrer.


Na saída da sede do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), na terça, 1, Carlos Roberto não conteve a re­volta. Relembrou que o pai chegou nas terras bem antes de Vasconcelos e lutou até a morte para provar que a propriedade não pertence ao em­presário. 

“A gente sai descrente da Justiça de Alagoas. É por isso que da outra vez do ocorrido, o pessoal do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) disse que a Justiça de Alagoas era descabida, que só trabalhava para os ricos do estado e mais uma vez a gente está vendo o que aconteceu. Numa decisão em que não foi convo­cado o Ministério Público, as pessoas que poderiam fazer nossa defesa, eles tomaram uma decisão arbitrá­ria. Mas vamos recorrer”, desabafou.

O filho de Vítor Araújo disse que se necessário vai até Brasília e denunciar o caso mais uma vez ao CNJ, porque “a Justiça de Alagoas só vai beneficiar quem tem. Vivemos em um estado em que a Justiça é descrente”, avaliou. Para ele, “é revoltante Justiça vir para um lugar (Tribunal) e já sabendo que a decisão é proferida para os ri­cos desse estado. É para provar a esse cidadão que está nesse processo e que já existem ou­tros contra ele no mesmo sentido e só ele quem está cer­to? As decisões são muito descabidas. Como defender uma pessoa que tem inúmeros pro­cessos de invasão de terra, compra uma terra de quem já morreu e o Tri­bunal de Justiça de Alagoas acatar dizendo que ele está correto. A gen­te vai até o final”, afirmou.

Vale ressal­tar que o relator, desembargador Paulo Lima deu provimento à apelação e anulou a sentença de primeiro grau. Os desembargadores Tutmés Airan e Klever Loureiro acompanharam o voto. Porém, João Uchôa, advoga­do de Lídia Araújo (viúva de Vitor Araújo), disse que vai aguardar a publicação do acórdão para ver o teor da decisão e entrar com recurso para tentar reverter a decisão.

Há mais de 40 anos a família do agricultor Vítor Araújo habita parte das terras da Fazenda Brejo Grande, no Complexo Benedito Bentes, e desde 2006 luta pela permanência nos 27 hectares que ocupa. A propriedade rural tem cerca de 200 hectares e pertence a vários herdeiros. Trata-se da mesma região onde desde 1984 a família de outro agricultor já falecido, Antônio Cândido, luta para reaver a Fazenda Duas Bocas, também invadida por Vasconcelos.

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