APÓS FISCALIZAÇÃO

MPT investiga se prefeitura de Murici comprou pedras de trabalho escravo

Município foi notificado a comprovar origem de pedras utilizadas na pavimentação de ruas
Por Redação com assessoria 18/04/2023 - 18:25
Atualização: 18/04/2023 - 19:37

ACESSIBILIDADE

Assessoria / MTE
Fiscalização foi realizada entre os dias 2 e 12 de abril
Fiscalização foi realizada entre os dias 2 e 12 de abril

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Alagoas investiga se a prefeitura de Murici comprou paralelepípedos extraídos em pedreira localizada no município. No local, foram resgatados, no início deste mês, 44 trabalhadores em situação de trabalho análoga à escravidão, em razão das condições degradantes em que se encontravam.

O MPT notificou a prefeitura de Murici para obter a relação de todas as construtoras que executam ou executaram obras de pavimentação na cidade nos últimos dois anos, assim como os respectivos contratos de prestação de serviço. Caso a prefeitura seja responsável pela execução direta das obras de pavimentação, o MPT cobra as notas fiscais das pedras adquiridas no mesmo período.

O Extra entrou em contato com a prefeitura de Murici para obter esclarecimentos. A assessoria de imprensa da prefeitura informou que o ente vai responder devidamente aos pedidos do MPT.

Condições degradantes em pedreira

Entre os dias 2 e 12 de abril, uma força-tarefa formada pelo MPT e pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), resgatou 49 pessoas em situação de trabalho análoga à de escravidão nos municípios de Murici e Marechal Deodoro. Todos os trabalhadores eram residentes de Alagoas.

Em Murici, foram encontradas 44 pessoas lapidando pedras, em cinco frentes de trabalho, sob condições degradantes.

“Na pedreira, havia situação de risco. Os trabalhadores utilizavam bombas caseiras, de forma rudimentar, para detonar a pedra. É comum a ocorrência de acidentes graves, com amputação de membros. Os trabalhadores flagrados em atividade não tinham acesso a água potável, nem local adequado para atender a necessidades fisiológicas ou realizarem intervalo de repouso e alimentação”, disse a procuradora do MPT Virgínia Ferreira, que acompanhou a força-tarefa.

Além do MPT e do MTE, estiveram presentes na força-tarefa representantes da Defensoria Pública da União e da Polícia Federal.

Trabalho infantil em Marechal Deodoro 

Já em Marechal Deodoro, foram encontrados 26 trabalhadores sem registro em carteira de trabalho, em uma obra de construção civil. Eles foram flagrados trabalhando em altura sem qualquer equipamento de proteção.

Desses trabalhadores, cinco estavam alojados no local de trabalho de forma totalmente irregular. Eram locais sem ventilação, com colchões no chão e junto a materiais utilizados na obra.

Também havia na obra um adolescente de 17 anos trabalhando, o que é ilegal por ser a construção civil atividade de risco, apenas sendo permitido o labor de maiores de 18 anos.

Do ponto de vista trabalhista, o MPT adotará as medidas administrativas e judiciais cabíveis para que a construtora responsável pelas obras regularize a situação flagrada e responda pelo dano moral coletivo, por meio do pagamento de indenização. 

Publicidade


Encontrou algum erro? Entre em contato