CRIME AMBIENTAL

Aterro de mangue revolta moradores da praia de Garça Torta

Depredação já afeta fauna local; laudo também confirma poluição
Por José Fernando Martins 19/08/2023 - 06:39
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José Fernando Martins
Parte do mangue foi aterrado
Parte do mangue foi aterrado

No bairro de Garça Torta, localizado no Litoral Norte de Maceió, uma comunidade enfrenta um impasse envolvendo a degradação de manguezais e a alteração do curso de um riacho. Marival Nascimento, residente há quatro décadas na região, relembra com saudade a época em que a localidade era cercada por vastos manguezais. Hoje, seu bar à beira-mar, que recebe turistas e banhistas da capital, convive com a crescente urbanização que progressivamente substituiu o mangue por casas e condomínios. 

O foco do embate recai sobre o Condomínio Residencial Morada da Garça, que ganhou notoriedade recentemente nos meios de comunicação. O motivo? A ação de aterrar e modificar o curso do Riacho Garça Torta, uma iniciativa que alarmou os moradores locais. Em resposta, a comunidade mobilizouse em um protesto demandando a atenção das autoridades para a preservação do ecossistema.

“Quando cheguei aqui, tinha muito caranguejo-uçá, tainha. Acabou. Isso aconteceu depois do condomínio e das outras construções”, lamenta Marival, que expressou preocupação ao testemunhar trabalhadores contratados pelo condomínio realizando aterramentos no mangue. Sua inquietação o levou a questionar sua propriedade sobre o mangue em questão. Como resposta, teve a seguinte contestação de um funcionário: “A senhora é dona do mangue?”. O caso ganhou proporções judiciais, alcançando o Ministério Público Federal (MPF). 

As acusações apontam para uma coordenação entre o Condomínio Garça Torta e o Instituto do Meio Ambiente (IMA) na execução das mudanças. O condomínio alega que a intervenção era necessária para prevenir processos erosivos que ameaçavam a vegetação de restinga em frente ao empreendimento, colocando a estrutura das edificações em risco. Contudo, alega-se que a intervenção carece de avaliação ambiental completa e pode levar à degradação dos manguezais e à perda da biodiversidade local. As preocupações incluem não somente a mudança do curso do riacho, mas também a poluição das águas. 

Denis Angola, professor de capoeira, revelou que análises físico-químicas conduzidas pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) identificaram poluentes nas águas do mangue, incluindo espuma malcheirosa que indica possível contaminação tornando o local impróprio para banho.

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