TRAGÉDIA DA BRASKEM
Pesquisadores da Ufal alertavam para riscos de afundamento desde 2010
Estudo publicado na revista científica Geophysical Journal International apontou impactos da exploração do sal-gema pela Braskem
Por Ascom Ufal
30/11/2023 - 13:47
Divulgação
Desde o início dos anos 2010, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) alertavam para os riscos de afundamento dos bairros de Maceió provocados pela mineração de sal-gema, realizada pela empresa Braskem. Naquela época, um estudo publicado na revista científica Geophysical Journal International mostrou que a exploração do sal-gema pela Braskem estava provocando um aumento do nível do lençol freático na região. Esse aumento de pressão poderia causar o afundamento do solo.
Em 2018, o afundamento começou a se tornar evidente. Em alguns bairros, rachaduras surgiram nas casas e nas ruas. A Braskem foi obrigada a interromper a mineração e a evacuar os moradores das áreas mais afetadas. Mais uma vez, os pesquisadores da Ufal e os professores aposentados foram convocados pela sociedade maceioense e pela imprensa para corroborar que o afundamento é consequência da mineração e, portanto, responsabilidade direta da empresa.
Em 2020, a Justiça de Alagoas determinou que a Braskem pagasse indenização às famílias afetadas pelo afundamento. A empresa também foi condenada a reparar os danos ambientais causados.
O caso do afundamento de Maceió é um exemplo da importância da ciência para a tomada de decisões. Os pesquisadores da Ufal alertaram para os riscos da mineração de sal-gema, mas suas vozes não foram ouvidas. O resultado é a tragédia que causa prejuízos materiais e emocionais a milhares de pessoas.
A referência da publicação de 2010:
Acuña, J. A., Dantas, M. L., & Costa, M. C. (2010). Groundwater level changes induced by salt mining in Maceió, Brazil. Geophysical Journal International, 183(2), 705-714.
Este estudo foi conduzido por pesquisadores da Ufal, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os pesquisadores usaram dados de monitoramento do nível do lençol freático para mostrar que a mineração de sal-gema pela Braskem estava provocando um aumento de pressão no subsolo. Esse aumento de pressão poderia causar o afundamento do solo.
A referência da publicação de 2011:
Acuña, J. A., Dantas, M. L., Costa, M. C., & Ferreira, M. C. (2011). Potential for subsidence induced by salt mining in Maceió, Brazil. Engineering Geology, 122(1-4), 121-128.
Este estudo foi conduzido pelos mesmos pesquisadores do estudo de 2010. Os pesquisadores estimaram que o afundamento do solo causado pela mineração de sal-gema poderia atingir até 1,5 metro em algumas áreas da cidade de Maceió. Ambas as publicações estão disponíveis na base de dados científica Scopus.