BAIRROS AFUNDANDO
Tremores de terra podem ser rotina dos maceioenses nos próximos dez anos
Especialista em geotecnia, Abel Galindo Marques analisa futuro da região
O professor Abel Galindo Marques, especialista em Geotecnia e Engenharia Civil, fez revelações ao EXTRA sobre a iminente ameaça de colapso no poço de sal-gema explorado pela Braskem até 2019 e conhecido como a mina 18, localizada no bairro do Mutange, nas proximidades do antigo Centro de Treinamento do CSA. O professor, formado em 1975 pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e com mais de 35 anos de atuação como professor adjunto na mesma instituição, alertou que as minas vizinhas também correm sérios riscos de serem afetadas pelo colapso.
Na manhã da quarta-feira, 29, a população maceioense foi pega de surpresa com alertas expedidos pela Defesa Civil Nacional e local. A mensagem era de que a população que estivesse perto da região procurasse um local seguro. O anúncio alertava para um possível sinkhole, escorregamento de terra que cria enormes crateras, levando para o seu interior tudo o que se encontra no diâmetro do vazio, incluindo ruas, casas e prédios. Para se ter uma ideia do problema, o vácuo provocado no subsolo pela mineração da Braskem é comparado ao tamanho do estádio Maracanã.
Sobre a próxima quadra chuvosa, situação que pode aumentar os perigos de desmoronamento de minas na região, Marques faz uma análise até que humorada: “O Mutange está tão complicado que o impacto das chuvas seria o de menos”. Outro medo da população é que, com o desmoronamento das minas, a água da Lagoa Mundaú comece a invadir “o que era terra”. E sim, confirma Marques, é o que acontecerá.
“A lagoa já está fazendo isso, mas o perigo se restringe, no momento, à mina 18”, destacou, acrescentando que a evacuação desse local é necessária porque pode ocasionar risco de morte aos trabalhadores da Braskem que têm acesso ao local. Em contraponto, pelo menos por enquanto, o professor não vê perigo à população que reside nas redondezas, áreas que estão liberadas para circulação. O professor também frisa um ponto a ser considerado. Dos estudos apresentados sobre a gravidade do Caso Pinheiro, o que foi realizado por profissionais italianos tem sido o mais verossímil.
Ele confessa que ao ler o relatório italiano chegou a desacreditar de certas situações em que os profissionais alertaram como de curto prazo, como o caso do sinkhole. “É o estudo que tem relatado com mais firmeza os acontecimentos da região”, contou ao EXTRA, diferentemente de levantamento norte-americano que descartava o fato a pequeno e médio prazo. Ainda com base em um estudo realizado por técnicos italianos, o professor destacou que há uma probabilidade significativa, variando de 30% a 70%, de que novos desmoronamentos em minas ocorram nos próximos meses.
Outro alerta do professor é sobre os tremores de terra, que devem fazer parte da rotina do maceioense por cerca de 10 anos. Isso até as minas serem preenchidas ou pressurizadas fornecendo novamente a estabilidade do solo. Contudo, para Marques, ainda há esperança para a região do Pinheiro. Segundo considerações do especialista, a área, no futuro, terá capacidade de ser reurbanizada novamente, com edificações. O panorama seria possível após duas décadas, caso haja realmente a estabilização do solo como prometida pela Braskem.
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