BAIRROS AFUNDANDO

Polícia Federal cria grupo de trabalho para investigar Braskem em Maceió

Grupo envolve especialistas em geologia, engenharia, biologia, geofísica
Por Bruno Fernandes 07/12/2023 - 09:30

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Afrânio Bastos
Mina 18, da Braskem, no bairro do Mutange
Mina 18, da Braskem, no bairro do Mutange

A Polícia Federal (PF) anunciou ontem, 6, a formação de um grupo de trabalho (GT) dedicado à investigação dos crimes relacionados à Braskem, que resultaram no afundamento do solo em cinco bairros de Maceió.

O GT, composto por delegados e agentes especializados, foi constituído em resposta a uma solicitação do Ministério Público Federal de Alagoas (MPF/AL).

O time diversificado do GT abrange expertises em geologia, engenharia, biologia, geofísica, entre outras áreas. A investigação, liderada pela superintendência da PF em Alagoas, recebe apoio de unidades em todo o Brasil.

O inquérito policial, instaurado em 5 de setembro de 2019, foi motivado pela publicação dos "Estudos Sobre a Instabilidade do Terreno nos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro, Maceió", pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) em abril de 2019.

Esses estudos cientificamente vincularam os fenômenos geológicos na capital alagoana à exploração de sal-gema pela Braskem, dando origem a rachaduras, fissuras e afundamento do solo.

A PF informou que o inquérito aborda crimes como poluição qualificada, usurpação de recursos da União e apresentação de estudos ambientais falsos ou enganosos.

Entenda o caso

O afundamento do solo acontece em área onde houve extração de sal-gema, cloreto de sódio usado para produzir soda cáustica e PVC. A exploração de sal-gema na área começou na década de 1970 e foi encerrada em 2019 após o primeiro tremor em 2018 — no total, são 35 minas.

Maceió decretou estado de emergência na semana passada, depois que o afundamento do solo acelerou. O presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), permitiu que a capital alagoana faça um empréstimo de US$ 40 milhões.

A petroquímica nunca assumiu oficialmente a responsabilidade pelo afundamento do solo na área onde ficam as minas. Apesar disso, pagou R$ 9,2 bilhões desde 2020 como compensação financeira em decorrência de um acordo de desocupação de áreas de risco. E já foi multada 20 vezes pelo Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas.

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