Novo rico é acusado de destruir restinga na Lagoa Mundaú

Marechal Deodoro, município alagoano conhecido por sua história, tem enfrentado desafios ambientais nos últimos tempos. A extração irregular de areia na região, ameaçando a área de proteção ambiental denominada Dunas do Cavalo Russo, é uma das principais fontes de apreensão. Porém o descaso com o meio ambiente se estende também a áreas residenciais. Isso porque relatos indicam que o que sobrou da restinga às margens da Lagoa Mundaú, no Condomínio Laguna, está sendo destruído para ampliação de uma mansão. 

A denúncia aponta o empresário alagoano Alan Cavalcante como responsável por uma série de atividades ilegais e danosas ao meio ambiente. Afirma-se que Cavalcante estaria construindo um lago artificial semelhante ao do jogador Neymar em sua mansão na cidade de Mangaratiba, no Rio de Janeiro, que resultou em autuações e multas de R$ 16 milhões por danos ambientais. Segundo informações de bastidores que chegaram ao EXTRA, reclamações dos vizinhos sobre a degradação teriam sido respondidas por Cavalcante com uma proposta peculiar: “Quem não estiver gostando, pode falar que eu compro a residência dele”. Há também relatos de intimidação por parte dos funcionários do empresário, o que aumenta a tensão entre os moradores. 

Um residente do Condomínio Laguna expressou sua indignação destacando a destruição da Lagoa Mundaú, já impactada por atividades prejudiciais da Braskem, temendo que Marechal também seja afetada pelo descaso com o meio ambiente. Ele ainda acusou Cavalcante de despejar resíduos de construção civil em uma área protegida pela legislação ambiental. A vegetação nativa estaria sendo completamente destruída, enquanto a construção do lago invadiria terras que não pertencem ao “novo rico”. 

“Este morador do Condomínio Laguna [Cavalcante] não tem respeito pelo meio ambiente e despeja restos de construção civil em área de proteção, para construir um lago artificial em local protegido pela legislação ambiental. A vegetação nativa está sendo completamente destruída. É imprescindível que os órgãos responsáveis tomem as medidas cabíveis. Ademais, este lago está sendo construído na área comum do condomínio, invadindo terreno que não pertence ao morador. Há relatos de ‘capangas’ armados que circulam na área da obra para impedir que o próprio condomínio barre as irregularidades que são cometidas. Os moradores estão assustados e revoltados com essa situação absurda”, declarou ao semanário. 

Restingas são formações vegetais que se estabelecem em solos arenosos na região da planície costeira. Localizadas na interface entre os ambientes marinho e continental, essas áreas, de clima tropical, apresentam uma fragilidade intrínseca devido à constante influência de processos naturais, como deposição e erosão marinha, além de drenagem fluvial. No Brasil, as restingas são componentes do bioma da Mata Atlântica. 

Outro lado 

Questionada sobre a situação, a Prefeitura de Marechal Deodoro informou que o órgão responsável pela fiscalização de áreas de proteção ambiental é o Instituto de Meio Ambiente de Alagoas (IMA). Acionado, o IMA informou que foi até o local na última semana, autuou o responsável e embargou a obra por ausência de licença. Já o Condomínio Laguna e a empresa de Cavalcante foram contatados pelo EXTRA, mas não responderam até o fechamento desta edição.

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