DEBOCHE E CRIME
Calheiros rebate conselheiro da Braskem que declarou inexistente tragédia de Maceió
João Pinheiro postou nas redes elogios à mineradora que 'está engajada a mitigar a dor' dos moradores
Declaração do conselheiro João Pinheiro Nogueira Batista, membro do Conselho de Administração da Braskem, postada na rede social Linkedin na última sexta-feira, 26, espalhou indignação a quem teve acesso a avaliação feita pelo representante da mineradora. Segundo ele, “a dita tragédia de Maceió, em termos de vidas perdidas, não existiu. Graças a Deus não morreu ninguém”, disse. Batista elogiou ainda a atuação da empresa, afirmando que “desde do inicio a empresa está engajada em mitigar ao máximo a dor e os problemas vividos pelos moradores da região”.
Neste domingo, o senador Renan Calheiros se pronunciou sobre sobre a publicação do conselheiro e disse, também em rede social, que ao anunciar que "a dita tragédia de Maceió não existiu, João Batista só pode estar escarnecendo, zombando de toda uma cidade onde, graças à mineração criminosa da Braskem, 5 bairros foram afundados, destruídos e hoje são fantasmas. 55 mil pessoas foram expulsas, 148 mil afetadas, 6 mil pequenas empresas fecharam, milhares foram adoecidas e pelo menos 17 (que temos notícia) cometeram suicídio ao serem arrancadas de suas casas. Isso sem contar com os danos à mobilidade, meio-ambiente, habitação".
O senador, que conseguiu instalar no Senado uma CPI para apurar responsabilidades da mineradora pelo caos socioambiental em Maceió, disse que "João Batista, que mal pode falar pela empresa em que é CEO (a rede de varejo Marisa, que está mergulhada em uma severa crise ) tenta engabelar milhões com a toada de uma Braskem heroína. Acaba reconhecendo que a empresa liderou os acordos. Uma óbvia admissão de que a empresa que causou o desastre, longe de ser responsabilizada, só foi coroada".
Calheiros avaliou as declarações do conselheiro como um deboche inaceitável para o povo alagoano, mas não uma novidade. "Nogueira só reproduz o cinismo da Braskem, escolhido como estratégia de publicidade e autopromoção para lucrar com o desastre socioambiental que causou e foi o maior do mundo em área urbana. Pior do que fracassar e não reconhecer a crise corporativa, é se orgulhar do desastre provocado!
Uma indignidade com os alagoanos à qual repudiamos com todas as nossas forças".
