TRAGÉDIA DA BRASKEM

Pacientes denunciam descaso da rede pública de saúde após fechamento do Hospital Sanatório

Comissão de pacientes recorre à Defensoria Pública em busca de ajuda para ter a garantia de acesso a tratamento e procedimentos suspensos
Por Redação com DPE/AL 31/01/2024 - 14:24

ACESSIBILIDADE

Assessoria
Pacientes denunciam descaso público da rede de saúde após fechamento de hospital
Pacientes denunciam descaso público da rede de saúde após fechamento de hospital

O Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública do Estado vai oficiar as  Secretaria Municipal e Estadual de Saúde (SMS e Sesau) e a direção do hospital para que informem adotem providências urgentes sobre a situação de dezenas de pacientes que se encontram abandonados após o fechamento da unidade de saúde, no último mês de dezembro, após o colapso da mina 18 da Braskem.

A Defensoria Pública também vai oficiar a Braskem a fim de apurar quais medidas foram adotadas para garantir os direitos dos pacientes prejudicados. A Instituição também estuda adotar medidas legais, caso necessário, com a finalidade de assegurar que o Poder Público e a mineradora arquem com todos os custos dos procedimentos necessários aos tratamentos dos pacientes vitimados.

A situação de abandono foi relatada por um grupo de pacientes aos defensores públicos Ricardo Melro e Lucas Monteiro Valença, durante reunião realizada nesta quarta-feira, 31, no Núcleo de Proteção Coletiva, situado na Gruta de Lourdes. Conforme os pacientes, após a evacuação do hospital, dezenas de pessoas ficaram completamente sem perspectivas de quando retomarão seus tratamentos. Pacientes aguardam para a retira de cateteres, além disso, alguns necessitam realizar cirurgias para a desobstrução da bexiga, retirada de tumores, dentre outros procedimentos.

Descaso

“No dia que fiz a cirurgia, eu estava lá internada no Hospital Sanatório, daí chegou um doutor, tirou meu dreno nas carreiras e me deu alta. A maca foi pegar a gente e desceu o elevador numa ‘doidiça’ tão grande, todo mundo correndo. Depois disso, não tivemos mais notícias e, até agora, estou com esse cateter, precisando tirar com urgência, minha barriga grande, inchada, sinto dor, sai sangue na urina, sem informação nenhuma de quando vou poder tirar. Para mim, quem tem que ser responsabilizado é a Braskem, por conta de tudo que ela fez nós ficamos nessa situação”, desabafou uma paciente.

De acordo ainda com relatos dos pacientes, até o momento, o CORA e a Secretaira Municipal de Saúde de Maceió não souberam informar para onde eles serão encaminhados. Entre os pacientes, há pessoas que aguardam há mais de 7 meses pela realização dos procedimentos, como o caso do senhor Josival Lopes Ferreira, de 71 anos, que precisa desobstruir a bexiga, um caso grave.

“Eu preciso fazer cirurgia, já me falaram que custa mais de R$ 6 mil, eu não tenho como pagar. Antes, eu fui operado no Hospital Sanatório e estava esperando para fazer lá novamente, mas então o Sanatório foi fechado e não deram solução nenhuma mais. Eu preciso dessa cirurgia há muito tempo, já vai fazer um ano e nada. Já passei mal, vou para UPA e depois sou liberado. A gente tá atoa”, desabafa.

Outros pacientes, precisam passar por procedimentos cirúrgicos para poder iniciar tratamento de câncer. “Minha cirurgia estava marcada para o dia 16 de janeiro de 2024, mas não foi possível devido à desativação do Sanatório. Por não ter feito essa cirurgia, eu não posso dar continuidade ao tratamento. Sofro com dores, minha urina avermelhada. Preciso que essa cirurgia seja realizada o quanto antes para que eu possa continuar meu tratamento”, contou o José Francisco da Silva, de 83 anos, que aguarda o procedimento para a remoção de um tumor na bexiga.

Para o coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva, o Defensor Público Ricardo Melro, a situação beira ao absurdo, já que muitos cidadãos estão sem receber o tratamento em razão da tragédia provocada pela Braskem. “Fomos procurados pela comissão de pacientes do Hospital Sanatório que estão sem seus procedimentos após o fechamento do hospital por culpa da Braskem. Há muitos nessa situação. Se a prefeitura de Maceió não consegue resolver essa demanda através do Sistema Único de Saúde (SUS), penso que a Braskem tem o dever de custear todos os procedimentos”, expôs o Defensor.


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