JÚRI POPULAR

Joana Mendes: assassino apresentou laudos psiquiátricos falsos,diz promotor

Para o MP-AL, Arnóbio Cavalcante cometeu fraude processual; julgamento entra em fase de debates
Por Adja Alvorável e Ana Luíza Ambrózio 01/04/2024 - 20:57

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MP-AL
Arnóbio Henrique Melo matou ex-companheira Joana Mendes
Arnóbio Henrique Melo matou ex-companheira Joana Mendes

O promotor promotor de Justiça Antônio Vilas Boas alegou que Arnóbio Henrique Melo, acusado de matar a ex-esposa, Joana Mendes, em 2016, cometeu fraude processual ao acostar aos autos dois relatórios psiquiátricos falsos. O julgamento acontece nesta segunda-feira, 1, presidido pelo juiz Yulli Rotter, e tem previsão de se estender até terça-feira, 2.

Tais documentos sugeriam problemas psiquiátricos no Arnóbio. Segundo o promotor, o primeiro relatório, de 2022, foi questionado pela acusação que pediu à Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) as imagens do dia em que, supostamente, o réu recebeu o médico, e o livro de registros onde constam as assinaturas de quem entrou no presídio. Em resposta, o órgão teria dito que não houve consulta com o psiquiatra naquele dia.

O segundo relatório, de 2023, foi apresentado numa data que não poderia ser verdadeira. Isso porque em julho do ano passado, o réu já estava solto, após um habeas corpus expedido pelo STJ. Portanto, ele não poderia ter recebido o psiquiatra, uma vez que estava em liberdade.

No início desta noite, o julgamento foi temporariamente suspenso depois que o réu expressou sua recusa em aceitar o advogado Jacob Filho como seu defensor, o que surpreendeu o próprio advogado. O juiz, o promotor e o advogado de defesa se retiraram do salão do júri para discutir a situação. 

Após ouvir o depoimento de cinco das 16 pessoas listadas como testemunhas e informantes, o júri fez uma pausa no final da tarde para se preparar para o interrogatório do réu. Antes disso, todas as testemunhas da defesa foram dispensadas.

Quando o juiz Yulli Roter Maia estava prestes a acionar um defensor público para continuar o julgamento, Arnóbio mudou de ideia, mas se recusou a responder a qualquer pergunta. O interrogatório foi encerrado e a fase de debates entre acusação e defesa ocorrem no início da noite desta segunda-feira, 1.

''Sequer teve chance de defesa', diz família de Joana Mendes em julgamento

Os familiares de Joana estão na expectativa de que o réu seja condenado à pena máxima. Julia Mendes, irmã da vítima, declarou: "Após dois adiamentos, esperamos que a punição máxima seja aplicada, sem concessões. Ele desferiu 32 facadas em minha irmã, não lhe deu chance de defesa. Depois a deixou sozinha para sangrar até a morte." Arnóbio Cavalcante foi preso após se entregar na delegacia de Atalaia, no interior do estado, em resposta a um mandado judicial.

"A relação entre eles sempre foi abusiva. Ele era violento, conseguiu isolar minha irmã do convívio social, dos amigos, da prática de exercícios e da família. Até hoje sofremos com essa perda", desabafou Julia. O assassinato ocorreu no Conjunto Santo Eduardo, no bairro do Poço. Joana de Oliveira Mendes foi encontrada morta dentro de um veículo, no banco do passageiro, que foi abandonado em uma rua pouco movimentada. Na época, a defesa do acusado alegou que ele confessou o crime, porém não recordava dos detalhes.

Relembre o caso

Joana Mendes e o ex-marido Arnóbio Henrique estavam em fase de divórcio, por iniciativa da vítima, não havendo aceitação por parte do assassino. Ela foi morta dentro de um carro, abandonado no bairro do Poço.

Apesar das tentativas de defesa de fazer acreditar de que o réu passava por um transtorno mental, nada há nos autos do processo nesse sentido, mas sim um crime adrede planejado. Espera, portanto, o Ministério Público, que seja feita justiça condenando-se o réu com todas as qualificadoras.

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