EM ALAGOAS
Fiscalização embarga 1.025 hectares de terra por desmatamento
Ações de fiscalização ocorreram nos municípios de Jaramataia, Craíbas, Girau do Ponciano e Traipu.Buscando preservar as áreas de vegetação nativa da Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, a Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FPI do Rio São Francisco) embargou 1.025 hectares de terra por desmatamento ilegal. As ações de fiscalização ocorreram nos municípios de Jaramataia, Craíbas, Girau do Ponciano e Traipu.
Os responsáveis pelas áreas desmatadas receberam 35 autos de infração e 35 termos de embargo. Segundo a coordenação da Equipe Flora da FPI do Rio São Francisco, as supressões de vegetação na zona rural costumam ocorrer com o objetivo de adaptar o terreno para atividades agropecuárias.
Todas as áreas foram embargadas, o que impede a exploração e o uso para qualquer atividade no local. A função do embargo é proporcionar a regeneração de um território que sofreu algum dano, visando a recuperação do local da degradação.
No município de Girau do Ponciano, por exemplo, a equipe da FPI do Rio São Francisco se deparou, nesta segunda-feira (6), com uma área de quase 100 hectares de terra completamente sem vegetação. Por meio de drones, foi possível ter um alcance visual do desflorestamento.
Bioma encontrado só no Brasil
A FPI do Rio São Francisco lembra que a Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro e seu desmatamento representa um grave problema ambiental com implicações significativas para a biodiversidade e a sustentabilidade da região. Entre as implicações, encontram-se o empobrecimento do solo, a redução da biodiversidade, a extinção de espécies, a degradação na qualidade de vida da população, a desertificação crescente no bioma e os alagamentos no seu entorno.
De acordo com a Equipe Flora da FPI São Francisco, por se tratar de um bioma em uma região climática Semiárida, a Caatinga já apresenta uma fragilidade maior, e o seu desmatamento intensifica processos de aridificação e desertificação. Isso porque deixa o solo exposto e susceptível a processos erosivos, redução de nutrientes e, a depender do uso dado ao solo após o desmatamento, pode ocorrer o processo de salinização, tornando essas áreas improdutivas e difíceis de recuperar.
“Outro impacto negativo relacionado ao desmatamento e ao processo de desertificação é a redução de acúmulo de água no solo, que é um processo natural devido ao tipo de solo encontrado na Caatinga, que são solos jovens e, por isso, com pouca profundidade, essas características somadas a redução da vegetação reduz ainda mais o processo de infiltração, impactando no Ciclo Hidrológico”, explicou a equipe.
Alagamentos
A equipe Flora da FPI do Rio São Francisco destaca que as coberturas de vegetação que se localizam nas margens de rios, nascentes, lagos e represas, retêm parte da água, reduzem o fluxo de escoamento de água e protegem as margens dos processos erosivos. Sem essa vegetação, esse volume de água é direcionado com maior velocidade e intensidade para os rios, causando os alagamentos.
“Diante disso, a preservação, conservação e restauração do bioma Caatinga é de extrema importância para a manutenção e proteção desses ecossistemas. Para isso, faz-se necessário ações voltadas para recuperação de áreas degradadas, criação de áreas protegidas, criação de programas de Convivência com o Semiárido e ordenamento de uso do solo, em virtude de sua fragilidade natural e importância por se tratar de um bioma único”, ressaltou.
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