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Física alagoana almeja o topo da carreira científica: ser uma cientista 1A

Sendy Nascimento é destaque em série da Folha de S.Paulo e do Hospital Albert Einstein
Por Redação 18/07/2024 - 10:38

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A maceioense Sendy Nascimento, 31 anos, navega entre fluidos complexos, nanopartículas e pontos quânticos. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ela sonha em se tornar uma cientista 1A no Brasil, um objetivo que exige uma jornada longa e desafiadora.

“Acho que todo físico é um matemático que desistiu”, brinca Sendy, uma das pesquisadoras destacadas na série "Folha Descobertas", uma parceria entre a Folha de S.Paulo e o Hospital Israelita Albert Einstein. 

Formada em Física pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), onde também concluiu o mestrado e doutorado, Sendy começou sua trajetória apaixonada por matemática, com a intenção de se tornar professora na área. Foi um professor de física que a inspirou a mudar de rumo, mostrando como a disciplina explicava a natureza através de equações matemáticas.

No início da graduação, Sendy sabia que queria pesquisar, mas ainda não tinha definido seu campo de interesse. Ela se sentia atraída tanto por escalas astronômicas quanto por dimensões minúsculas. Eventualmente, optou pelo mundo dos pontos quânticos de carbono, influenciada por seu orientador no doutorado, que sugeriu esse campo em vez do grafeno.

A maceioense Sendy Nascimento, 31 anos, navega entre fluidos complexos - Reprodução/Instagram/@send.ciencia

Linha de pesquisa

Os pontos quânticos, minúsculas partículas que seguem regras da mecânica quântica, são o foco da pesquisa de Sendy. Diferente dos pontos quânticos tradicionais, que podem ser tóxicos devido à presença de metais, os pontos de carbono são menos prejudiciais ao meio ambiente e aos seres humanos, uma característica crucial para aplicações médicas e outras utilizações sensíveis.

Aplicações práticas

Os pontos quânticos de carbono têm diversas aplicações práticas, desde telas de alta definição até marcadores médicos. Eles podem identificar substâncias, moléculas e condições como temperatura e pH, o que é vital para o diagnóstico precoce de doenças. Sendy destaca que o processo de síntese desses pontos pode ser realizado de maneira sustentável, utilizando biomassa como casca de frutas e até esterco de vaca.

Desafios 

Crescendo na periferia de Maceió, Alagoas, Sendy enfrentou vários obstáculos. No início da faculdade, engravidou e contou com o apoio dos pais para cuidar do bebê. No entanto, as dificuldades financeiras persistiam, e ela muitas vezes caminhava para a universidade por falta de dinheiro para transporte e alimentação. Uma bolsa de iniciação científica ajudou a aliviar a situação.

Vida acadêmica e familiar

Sendy é também uma mãe dedicada, equilibrando sua carreira acadêmica com a criação da filha. Ela defende a importância de creches e berçários nas universidades para apoiar estudantes e profissionais que são pais.

Objetivo de Ser Cientista 1A

O objetivo de Sendy é atingir o nível 1A de produtividade em pesquisa do CNPq, um status ainda raramente alcançado por mulheres negras no Brasil. Atualmente, apenas Rosy Mary dos Santos Isaias, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), atingiu essa posição em 2024. 

Engajamento Social

Além de ser uma pesquisadora e professora dedicada, Sendy valoriza a extensão universitária, vendo-a como uma ponte essencial entre a universidade e a sociedade. Ela acredita na importância de aplicar o conhecimento científico para beneficiar a comunidade, mesmo amando seu trabalho no laboratório.

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