ATLAS DA VIOLÊNCIA
AL tem a sexta maior taxa de homicídios do Brasil; Estado contesta dados
Atlas destaca que outras unidades da federação mantiveram queda sistemática desde 2016 ou 2017
Apesar da queda na última década, Alagoas registrou em 2023 uma das maiores taxas de homicídios do país. O estado alcançou 35,3 mortes por 100 mil habitantes, segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira, 12. O número está acima da média nacional de 21,2 por 100 mil.
De 2013 a 2023, Alagoas apresentou redução de 46,8% na taxa de homicídios. No entanto, nos dois últimos anos houve aumento consecutivo. “Alagoas entraria nesse seleto grupo se não fosse o aumento no indicador dos últimos dois anos”, aponta o documento.
Em 2023, o estado contabilizou 1.194 homicídios. O número representa aumento de 5,1% em relação aos 1.136 casos registrados em 2022. A taxa também subiu 4,7% no mesmo período, interrompendo a trajetória de queda observada nos anos anteriores.
O Atlas destaca que outras unidades da federação mantiveram queda sistemática desde 2016 ou 2017. “Nada menos do que 11 UFs têm conseguido reduzir sistematicamente a taxa de homicídios”, informa o relatório, que cita exemplos como São Paulo, Goiás e Paraíba. Veja o ranking das taxas de homicídios por 100 mil habitantes em 2023:
- Amapá — 57,40
- Bahia — 43,90
- Pernambuco — 38
- Amazonas — 36,80
- Roraima — 35,9
- Alagoas — 35,30
- Ceará — 32
- Mato Grosso — 30,8
- Rondônia — 30
- Sergipe — 29,40
- Pará — 28,6
- Maranhão — 27,90
- Espírito Santo — 27,70
- Paraíba — 26,5
- Rio Grande do Norte — 26,40
- Tocantins — 25,8
- Rio de Janeiro — 24,3
- Acre — 23,70
- Piauí — 22
- Goiás — 21,40
- Brasil — 21,20
- Mato Grosso do Sul — 20,70
- Paraná — 18,90
- Rio Grande do Sul — 17,2
- Minas Gerais — 12,9
- Distrito Federal — 11
- Santa Catarina — 8,8
- São Paulo — 6,4
O estudo considera dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, com base em registros oficiais de óbitos causados por agressão, intervenção legal ou operações de guerra.
O documento também analisa tendências nacionais e destaca que, mesmo com a queda nos homicídios desde 2017, a percepção da violência segue alta. “Vivenciamos um aumento da percepção de insegurança”, conclui o relatório.
Outro lado
Em nota, o Governo de Alagoas informou que "a colocação de Alagoas no Atlas da Violência precisa ser analisada com cautela, pois a metodologia utilizada difere da adotada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O Atlas utiliza a taxa de homicídios por 100 mil habitantes, sem padronizar os critérios de contabilização entre os estados".
Ainda segundo o governo, em Alagoas, por exemplo, todos os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), inclusive os casos ainda ‘a esclarecer’, são incluídos nos registros – ao contrário de outras unidades da Federação, que excluem essas ocorrências, o que pode gerar distorções nos rankings comparativos.
Mesmo assim, o estado vem registrando queda contínua nos índices de violência: a taxa de homicídios caiu de 69,93/100 mil habitantes em 2012 para 33,10 em 2024, uma redução de mais de 50% no número absoluto de assassinatos.
"Esses resultados refletem investimentos consistentes em inteligência, tecnologia e produção de dados confiáveis, com monitoramento contínuo realizado pelo Núcleo de Estatística e Análise Criminal da Secretaria de Segurança Pública. A meta para 2025 é fechar o ano com menos de mil casos, mantendo a tendência de queda sustentada", informou.