JUSTIÇA
Filha de ex-promotor condenado por estupro contesta prisão domiciliar
Progressão de pena foi autorizada em março; Filha foi abusada dos 11 aos 23 anos
Luana Rodrigues, filha e uma das vítimas do ex-promotor Carlos Fernando Barbosa de Araújo, criticou nesta sexta-feira, 30, a decisão da Justiça de Alagoas que autorizou o cumprimento da pena de 76 anos em regime domiciliar.
A progressão de pena foi autorizada em março, após decisão que permitiu o cumprimento em regime semiaberto. Como a Colônia Penal está interditada, a Justiça determinou que ele fique em casa, com base em precedentes do STJ.
"Eu achei lamentável uma decisão que beneficiou uma pessoa com uma condenação extensa de 76 anos", disse Luana em entrevista à TV Pajuçara. Ela afirmou ter procurado apoio na Casa da Mulher Alagoana, temendo pela própria segurança.
A filha, que foi abusada dos 11 aos 23 anos, relatou: "Da última vez que nos falamos, ele me olhou nos olhos e disse que, quando fosse solto, me mataria". Luana informou que irá pedir apoio do Ministério Público.
Ela declarou que o pai se preparou juridicamente para obter benefícios. "Ele sabia que ler livros e fazer faculdade iam diminuir a pena. É ex-promotor, sabia tudo que a lei oferece", afirmou.
Luana também criticou a ausência de controle sobre a internet. "O que garante que ele não está acessando? Ele tinha no computador da promotoria milhares de arquivos que mostravam a hediondez do que praticava".
Ela lembrou as dificuldades enfrentadas para fazer a denúncia. "Quando tinha 14 anos, tentei tirar minha vida. Para denunciar, tive que me ressignificar e escrever à mão tudo o que sofri", afirmou.
O caso se tornou público em 2006. Carlos Fernando foi condenado por abusar de duas filhas e uma enteada. A Justiça também confirmou a posse de imagens de pornografia infantil em seu computador funcional.