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Arapiraca pode virar novo polo de mineração de ouro no Nordeste

Mineradora canadense e fundo britânico avançam em projeto de US$ 1,56 milhão
Por Redação 18/06/2025 - 11:03
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Pacific Bay Minerals
Área de mais de 14 hectares em Arapiraca abriga projeto Pereira Velho e pode impulsionar mineração de ouro em Alagoas
Área de mais de 14 hectares em Arapiraca abriga projeto Pereira Velho e pode impulsionar mineração de ouro em Alagoas

Uma área de mais de 14 mil hectares, localizada entre Arapiraca e Craíbas, no Agreste alagoano, pode se tornar o novo epicentro da mineração de ouro no Nordeste. A mineradora canadense Pacific Bay Minerals e o fundo britânico Appian Capital Advisory firmaram uma carta de intenção para a aquisição integral do projeto Pereira-Velho, que pode movimentar a economia local e colocar Alagoas no radar nacional da mineração aurífera.

O acordo, assinado no início de 2025 e prorrogado em maio deste ano, prevê um investimento inicial de US$ 1,56 milhão pela Pacific Bay ainda em 2025. Os recursos serão destinados a perfurações confirmatórias, testes metalúrgicos e uma avaliação econômica preliminar da área. As informações constam de um comunicado oficial divulgado pela empresa canadense.

Segundo a Pacific Bay, o projeto Pereira-Velho conta com uma localização estratégica, próximo a uma rodovia asfaltada, rede elétrica e à cidade de Arapiraca, que possui mais de 230 mil habitantes e mão de obra qualificada. A mineradora destaca ainda a proximidade com a Mina de Cobre Serrote, situada em Craíbas, cuja aquisição recente pela chinesa Baiyin Nonferrous movimentou US$ 420 milhões.

Estudos técnicos realizados entre 2018 e 2022 indicam forte presença de ouro livre, com mineralização próxima à superfície. Ao todo, 47 furos de sondagem somaram mais de 6 mil metros de perfuração, com dados históricos já protocolados na Agência Nacional de Mineração (ANM). Testes laboratoriais apontaram recuperação metalúrgica de até 94,8%, o que reforça o potencial para a adoção de técnicas de extração de baixo custo, como a lixiviação em pilha.

“Este é um sistema de ouro com predominância de óxido próximo à superfície, com excelente infraestrutura, forte metalurgia inicial e um recurso histórico já disponível – e permanece aberto para expansão”, afirmou o CEO da Pacific Bay Minerals, Reagan Glazier, em nota à imprensa.

A próxima etapa do projeto inclui a realização de novas perfurações para validar os dados já obtidos e aprofundar os estudos metalúrgicos. A previsão da empresa é concluir essa fase ainda este ano. Caso a aquisição seja efetivada, o contrato prevê o pagamento de royalties de 1,5% sobre a produção futura, com possibilidade de recompra parcial desse percentual.

Além da geração de empregos e aumento da arrecadação de tributos, a exploração do ouro em Arapiraca pode consolidar Alagoas como um novo player no mercado nacional de mineração de metais preciosos. Procurada, a Appian Capital Advisory informou que, por questões estratégicas, não comentará o andamento da negociação.

A influência da Mina Serrote na mineração alagoana

A movimentação em torno do projeto Pereira-Velho acontece em um cenário de crescente protagonismo da mineração no Agreste de Alagoas. Vizinha à futura área de exploração de ouro, a Mina de Cobre Serrote, em Craíbas, tem papel fundamental nessa transformação.

Adquirida pela Appian em 2018, a Mina Serrote foi posteriormente vendida ao grupo chinês Baiyin Nonferrous por US$ 420 milhões, em uma operação concluída em abril deste ano. O projeto, antes pertencente à Aura Minerals, passou de uma fase inicial com apenas dez funcionários para se tornar uma referência em produção de concentrado de cobre, com subprodutos de metais preciosos.

Desde o início das operações, a Mineração Vale Verde, controladora da Mina Serrote, já exportou mais de 300 mil toneladas de concentrado de cobre seco para mercados como China, Finlândia, Tailândia, Índia e Polônia. A produção de Serrote colocou Alagoas pela primeira vez na rota das exportações de minério de cobre, com reflexo direto na balança comercial do estado.

Com os avanços no projeto Pereira-Velho, o Agreste alagoano pode agora ampliar ainda mais sua participação na mineração internacional, desta vez com o ouro como protagonista. (Com Movimento Econômico)


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