Justiça
Suspeito em assassinato da gari Adjane tem prisão preventiva decretada
Feminicídio foi cometido enquanto vítima estava no trabalho, em via pública e sem defesa
A Justiça de Alagoas decretou neste domingo,3, a prisão preventiva de Elias José do Nascimento, autor confesso do assassinato da gari Adjane Araújo da Silva, de 38 anos. O suspeito foi preso em flagrante neste sábado,2, ao ir buscar pertences na residência dele, em Teotônio Vilela, para tentar fugir do Estado.
O crime foi cometido no dia 31 de julho em via pública, por volta das 15h, sendo testemunhado por várias pessoas. Adjane foi morta com um tiro disparado na nuca. Ao cair no chão, recebeu outros tiros na cabeça. A manifestação pela conversão da prisão em flagrante por preventiva foi do promotor de Justiça plantonista, João Batista Santos Filho.
Segundo o MPAL, o autor confessor do feminicídio vinha descumprindo as medidas protetivas e ameaçando a vítima há algum tempo. No dia 5 de junho deste ano, há cerca de dois meses, a mulher tinha procurado a delegacia e feito um Boletim de Ocorrência relatando perseguição, agressões com palavras de baixo calão, além de ameaças de morte. Nesse mesmo dia foi feito o pedido de medidas protetivas, o que foi acatado pela Justiça com validade de um ano.
“Um crime cruel, de extrema frieza, pois, o autor emboscou a vítima em via pública, em plena luz do dia, sem se importar com testemunhas. Um crime que ocorreu simplesmente porque a senhora Adjane, após dois meses de relacionamento, decidiu terminar. Ou seja, correu em descumprimento das medidas protetivas de urgência e em razão da vítima ser do sexo feminino, é, portanto, feminicídio e não havia, em hipótese alguma, evitar o pedido da prisão preventiva”, declara o promotor.
O promotor explica as tipificações. “Temos aí no artigo 121-A, o feminicídio, que é um crime autônomo, combinado com o parágrafo 2º , do próprio artigo 121 , do Código Penal, incisos III, IV e VIII, podendo o autor ser punido com mais de 40 anos de prisão. Aos policiais ele confessou, e foi pego com vinte mil reais, já em ponto de fuga, e com a arma que praticou o crime, cometeu o crime por ódio. Fiz o requerimento de conversão da prisão em flagrante em preventiva, já foi decretada pelo juiz, e o preso já será remanejado para o presídio”, afirma João Batista.
O pedido atendeu aos artigos 312 e 313 co CPP, pela gravidade de pelo perigo e da necessidade de prevenção contra a fuga do indivíduo.
“A vítima trabalhava como gari na cidade, onde tinha muitas amizades, foi morta brutalmente no período em que unimos forças, onde trabalhamos o Agosto Lilás, justamente com o propósito de fazer os homens entenderem que mulheres não são objetos de posse, não são obrigadas a permanecer em relacionamentos, muito menos serem vítimas de seus descontroles e covardia”, conclui o promotor.
Logo após o crime, com informações de quem teria sido a autoria, a Polícia Militar, por meio da 10ª Companhia, a Delegacia de Homicídios da região e a Guarda Municipal de Teotônio Vilela iniciaram buscas e saíram no encalço do assassino que tinha empreendido fuga. No entanto, teria retornado à sua residência, onde foi capturado na hora que saía, com um revólver do calibre 38 na cintura e a quantia de R$ 20 mil, conduzindo a motocicleta de placa MNL 4J09, significando que pretendia se evadir para algum lugar distante.