SOLIDARIEDADE
Alagoas tem apenas 1,8% de voluntários: “É trabalho árduo, mas nos faz bem”
Iniciativas como o Instituto Amigos da Periferia resistem e transformam vidas
"É um trabalho de formiguinha". É assim que Eryvanya Gatto, fundadora do Instituto Amigos da Periferia, define a atuação da instituição, que atua em Maceió. Criado há sete anos, a ONG começou distribuindo sopa e roupas para pessoas em situação de rua e hoje oferece atividades em áreas como educação, lazer e esporte.
De ação em ação, o instituto consegue transformar a vida de muitos em um estado com uma das menores taxas de trabalho voluntário do país: apenas 1,8% da população realizou trabalho voluntário em Alagoas em 2022, segundo dados do IBGE. O índice corresponde a 59 mil pessoas e está bem abaixo da média nacional, que foi de 3,4% no mesmo ano.
Ao longo dos últimos anos, os números mostram variação. Em Alagoas, a participação oscilou de 57 mil voluntários em 2016 para 33 mil em 2018, voltando a subir para 59 mil em 2022, mas sem alcançar uma taxa próxima da média nacional.
Para Eryvanya, a baixa adesão ao voluntariado em Alagoas está diretamente ligada à realidade socioeconômica.
“As pessoas dependem do trabalho para manter suas famílias. Nossos voluntários são guerreiros, mas eles fazem seus horários e dias para estarem com a comunidade. Realmente são pouquíssimas pessoas que estão fazendo este lindo trabalho. As demais é difícil, pois têm que se manter e sustentar suas famílias também. O amor ao próximo acabou em alguns".
Segundo a fundadora, a dificuldade está não apenas em conseguir "mãos" para promover ações, mas também em conseguir doações.
"Estamos hoje com dificuldades para ampliar nosso espaço e também em ajudar mamães gestantes de rua que não tem condições financeiras para comprar enxovais. Também está difícil conseguir doações de alimentação. Ainda continuamos recebendo verduras e ossadas que não são vendidas aí recebemos dos mercados para selecionarmos as melhores para fazermos nossas sopas todas os sábados", afirma.
Apesar das dificuldades, Ervanya afirma que sua maior motivação é a solidariedade.
“Amamos o que fazemos. É árduo, mas é o que nos faz bem. Já fiquei depressiva por conta disso, mas estou feliz: cada vez que ajudo uma família eu me recarrego do mais puro amor de Deus. É tão bom fazer o bem, só nós sabemos o quanto é prazeroso, mesmo com as pedras que encontramos no caminho”.