Líder do MDB

"Cassação de Glauber Braga virou um capricho de Arthur Lira", diz Bulhões

Deputado federal defende Hugo Motta e cobra diálogo do governo com o Congresso
Por Redação 15/12/2025 - 06:22
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Câmara dos Deputados
O deputado federal Isnaldo Bulhões Jr.
O deputado federal Isnaldo Bulhões Jr.

O líder do MDB na Câmara dos Deputados, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), fez críticas ao ex-presidente da Casa Arthur Lira (PP-AL), afirmou que ele demonstra “saudade” do cargo e defendeu a atuação do atual presidente, Hugo Motta (Republicanos-PB). Em entrevista ao O Globo, publicada no domingo, 14, Bulhões comentou o episódio envolvendo a tentativa de cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), avaliou o ambiente político após decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e analisou os entraves na relação entre o governo Lula e o Congresso.

Segundo Bulhões, a movimentação para cassar Glauber Braga não teve base objetiva. “A cassação virou um capricho de Arthur Lira. Ele precisa compreender que não é mais presidente da Câmara. Hugo Motta fez o correto ao pautar o tema e deixar o colegiado decidir”, afirmou. Para o líder do MDB, não houve derrota da atual presidência da Casa. “O derrotado foi quem operou a cassação por vontade pessoal, e não por fatos.”

O parlamentar também rebateu críticas de Lira à condução de Motta, especialmente sobre ouvir um número restrito de líderes. “Defendo o comportamento do presidente Hugo Motta, que está corretíssimo. O que falta é respeito à condução de cada um. O mandato de Lira terminou”, disse. Ao comentar o atrito entre os Poderes após decisões do STF — como a cassação da deputada Carla Zambelli —, Bulhões avaliou que há espaço para entendimento. “O presidente da Câmara levou o caso ao plenário sem confronto com o Supremo. A política tem essas dinâmicas. É possível chegar a um acordo”, afirmou.

Questionado sobre investigações da Polícia Federal envolvendo parlamentares e uma ex-assessora ligada à Câmara, Bulhões minimizou riscos de crise institucional. “Se há fundamento para investigar, dentro da Constituição e das leis, isso deve ser respeitado. Não vejo crise institucional”, disse. Na pauta econômica, o líder do MDB afirmou que o desafio do governo não é o tempo para votar projetos fiscais antes do Orçamento, mas a construção de consenso. “Se houver acordo, o tempo não é o problema. O problema é chegar ao acordo”, declarou, ao comentar medidas como revisão de renúncias fiscais, JCP e taxação de apostas.

Sobre o poder do Congresso no Orçamento, Bulhões considerou legítima a maior influência do Legislativo. “Quem está na ponta conhece melhor as necessidades. Compreendo também a posição do presidente da República. Não vejo queda de braço”, avaliou. Por fim, o deputado apontou falhas na articulação política do Planalto. Embora reconheça esforço da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu maior integração com a Casa Civil. “A Esplanada precisa ouvir mais a SRI. O governo precisa estar mais próximo do Congresso, dialogar e construir caminhos comuns”, concluiu.


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