SAÚDE
Ministério encerra grupo criado para acompanhar a varíola dos macacos

O Ministério da Saúde encerrou os trabalhos da sala de situação criada para monitorar o avanço da varíola dos macacos (monkeypox) no Brasil, após 50 dias de atividade. O comitê foi formado emergencialmente em 23 de maio. A informação foi publicada pela Revistada Época Negócios.
O objetivo do grupo era, além do monitoramento de casos aqui e no mundo, “elaborar documentos técnicos para fomentar ações de saúde pública” e impedir a disseminação da doença viral no País.
Os casos vêm crescendo no Brasil. Segundo o balanço mais recente da pasta, foram 218 confirmados até o último dia 9 – apenas três eram em mulheres. A maioria está no Estado de São Paulo, que registrou 158 pessoas com a doença.
O plano de desmobilização foi divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e tinha 30 colaborações de representantes da Anvisa, do Conass, da Fiocruz e da Opas/OMS.
No “Plano de Desmobilização da Sala de Situação Monkeypox”, a pasta define fluxo de atendimento dos pacientes, contextualiza o avanço da varíola dos macacos desde sua descoberta nos anos 1970 e define os conceitos de casos suspeitos e confirmados da doença, estes últimos com a obrigação de serem notificados até 24 horas após o diagnóstico.
Na “proposta de continuidade das atividades”, a sala de situação cita uma série de ações que já eram executadas pelo próprio grupo, como o monitoramento diário de notificações, a atualização constante de orientações e o planejamento de aquisições de vacinas junto à Opas.
Até o momento, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária não tem pedido ou registro de uso para algum imunizante contra a varíola dos macacos.
“Caso haja a aquisição de vacinas”, os membros da sala de situação apenas propõem que o Programa Nacional de Imunizações disponha as doses à população e coordene a estratégia de aplicação, “de acordo com as necessidades locais das unidades federativas”.
Profissionais da saúde ouvidos pela reportagem da Época Negócios classificaram como precoce o encerramento da Sala de Situação e apontam o contexto ainda nebuloso da doença no Brasil e no mundo. Até agora, os novos sintomas da varíola dos macacos têm confundido médicos, a quantidade de doses de imunizante disponíveis no mundo é escassa e não há um consenso científico sobre transmissibilidade dessa nova linhagem por relações sexuais ou superfícies.
“É lógico que foi precipitado e que o Ministério da Saúde não sabe o que é uma sala de situação nem como operá-la”, avalia o sanitarista Gonzalo Vecina Neto, fundador e ex-presidente da Anvisa. “Estamos começando a entender a monkeypox e quais as desgraças dela. A função de uma sala de situação é exatamente acompanhar a doença e tomar decisões mais rapidamente, por diferentes autoridades em um mesmo ambiente.”