BOLSA DE VALORES

Ibovespa inicia semana em baixa de 0,40%, aos 103,9 mil pontos

Dólar à vista encerrou a sessão cotado a R$ 5,0409, em queda de 0,35%
Por Estadão Conteúdo 25/04/2023 - 04:20
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Dólar e Real, relação de altos e baixos
Dólar e Real, relação de altos e baixos

O Ibovespa se acomodou um pouco abaixo dos 104 mil pontos na abertura de semana, em que a recuperação do petróleo frente a perdas recentes - superiores a 5% na semana passada - deu suporte às ações de Petrobras (ON +1,54%, PN +1,91%), enquanto as da Vale (ON -3,62%) amplificaram a queda de 3% no preço do minério de ferro em Dalian (China), nesta segunda-feira, 24. O dia também foi negativo, ainda que moderadamente, para as ações de grandes bancos, outro segmento de peso no Ibovespa - a retração ficou entre 0,21% (BB ON) e 0,93% (Unit do Santander) na sessão.

Assim, o índice de referência da B3 fechou em baixa de 0,40%, a 103.946,58 pontos, em dia de poucos catalisadores disponíveis, em que oscilou dos 103.247,04 aos 104.821,97, saindo de abertura aos 104.366,82 pontos. O giro ficou em R$ 24,7 bilhões. No mês, o Ibovespa ainda sobe 2,03%, com perda no ano a 5,27%.

Na ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para Pão de Açúcar (+4,61%), Raízen (+3,86%) e São Martinho (+3,14%). No lado oposto, CSN Mineração (-5,36%), Braskem (-4,34%) e Bradespar (-4,18%), além de Vale e Minerva (-3,93%).

A cautela vista na sessão se justifica por "importantes indicadores econômicos na Europa e nos Estados Unidos, além da expectativa pelos relatórios de ganhos das grandes empresas de tecnologia", uma combinação de dados e balanços muito aguardada pelo mercado para a semana, aponta em nota a Guide Investimentos Atenção em especial para o índice PCE de março, "o indicador de inflação acompanhado mais de perto pelo Fed", que será divulgado na sexta-feira, observa a Guide.

"Nos Estados Unidos, investidores seguem atentos à divulgação amanhã de resultados de 'big techs', como Microsoft e Alphabet (Google). Os resultados do primeiro trimestre poderão trazer sinais quanto à saúde financeira das gigantes de tecnologia em um cenário macroeconômico desafiador. Vale lembrar que os analistas têm revisado fortemente as expectativas de lucros das empresas americanas, para baixo, o que abre espaço para surpresas positivas, dada a previsão pessimista", diz Álvaro Feres, analista da Rico Investimentos.

Na B3, desde que devolveu a linha de 106 mil pontos no fechamento da quarta-feira passada - marca que havia sido recuperada e mantida desde 11 de abril, quando saltou 4,29%, saindo de 101,8 mil pontos no dia anterior -, o Ibovespa tem se mantido em margem estreita, entre 103 mil e 104 mil pontos, sem gatilhos para retomada ou correção.

Nesta segunda-feira, "a queda forte do minério de ferro na China trouxe para baixo as ações do setor metálico, de peso no Ibovespa. Semana reserva balanços importantes para as próximas sessões, mas hoje o dia oi bastante modesto em notícias que pudessem direcionar os negócios", diz Dennis Esteves, sócio e especialista em renda variável da Blue3 Investimentos, destacando também a aproximação da reunião de política monetária do Federal Reserve, na próxima semana, o que contribui para reforçar a cautela dos investidores.

Segundo Vitor Miziara, analista e sócio da Performa Ideias, a queda de 8% do minério negociado em Dalian desde a última quarta-feira indica preocupação do mercado com a retomada da economia no mundo. "As commodities são o primeiro sinal de que as economias estão se recuperando, ou não; são a primeira coisa a ser comprada nas cadeias de produção quando se espera aquecimento da atividade. Por isso vemos boom de commodities antes de retomadas econômicas, e agora o contrário: o mercado batendo bastante nas commodities, precificando a preocupação com uma recessão mais forte no segundo semestre", diz.

Nesta segunda-feira, o índice de materiais básicos, que reúne as ações de commodities, fechou em queda de 2,60%, enquanto o índice das ações de consumo, exposto ao ciclo doméstico, ficou perto da estabilidade, em leve baixa de 0,08% no encerramento do dia.

Dólar


Após uma manhã marcada por trocas de sinal, o dólar à vista se firmou em baixa ao longo da tarde desta segunda, 24, no mercado doméstico, em meio ao aprofundamento das perdas da moeda americana no exterior, sobretudo em relação a divisas fortes, e a declarações do ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, descartando possibilidade de atraso na tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso.

Com oscilação de menos de cinco centavos entre a máxima (R$ 5,0859), pela manhã, e a mínima (R$ 5,0381), o dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 24, cotado a R$ 5,0409, em queda de 0,35%, em leve ajuste de baixa após ter encerrado a semana passada, mais curta em razão do feriado de Tiradentes na sexta-feira, com valorização de 2,92%. No mês, a moeda apresenta perda de 0,55%.

Operadores ressaltam que a liquidez foi reduzida, o que deixou a formação da taxa de câmbio mais suscetível a movimentos pontuais Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para maio apresentou giro de pouco mais de US$ 10 bilhões. Investidores teriam evitado montagem de posições mais expressivas diante da agenda carregada de indicadores e eventos relevantes tanto aqui quanto no exterior.

"Devemos continuar com essa baixa liquidez, com o investidor estrangeiro retraído, porque ainda há muita indefinição sobre a questão fiscal. Existem dúvidas sobre o arcabouço e pode haver atraso na agenda de votação no Congresso com a CPI, o que gera insegurança", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.

Padilha disse hoje à tarde que eventual instalação de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro não deve atrapalhar o andamento da agenda econômica do governo no Congresso, com votação do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados prometido para meados de maio. O ministro elogiou a escolha do deputado Cláudio Cajado (PP-BA) como relator da proposta. A perspectiva é que o requerimento para instalação da CPMI seja lido na quarta-feira, 26.

É grande a expectativa pela presença amanhã, 25, do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Na quarta-feira, sai o IPCA 15 de abril. Em Portugal, Lula voltou a criticar a gestão da política monetária ao dizer que o "Brasil tem um problema que é a taxa de juros muito alta", que desestimula investimentos e impede o consumo.

"O real terminou a semana passada depreciado, voltando ao patamar de R$ 5,00, e deve seguir suscetível, sobretudo, ao noticiário político. Não são só aguardadas novas sinalizações econômicas, como também uma redução dos ruídos políticos", afirma, em relatório, a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - trabalhou em baixa firme, com mínima na casa dos 101,300 pontos, com perdas fortes frente ao euro, na esteira de falas duras de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE).

A agenda de indicadores americanos desta semana traz a divulgação da primeira leitura do PIB dos EUA no primeiro trimestre e o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida pelo Federal Reserve, cujos dirigentes já estão no chamado período de silêncio. A reunião de política monetária do BC dos EUA ocorre nos dias 3 e 4 de maio.

Câmbio


Os juros futuros se firmaram em baixa no período da tarde desta segunda, 24, puxados pela aceleração da queda das taxas dos Treasuries e declarações do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, buscando tranquilizar o mercado com relação ao andamento da pauta econômica no Congresso O alívio nos prêmios de risco, porém, não teve respaldo de liquidez. A agenda do dia esvaziada aqui e lá fora e o pesado calendário de indicadores e eventos na semana inibiram a montagem de grandes posições.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,20%, de 13,22% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2025, em 11,86%, de 11,96%. A taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 11,94% para 11,86%. A do DI para janeiro de 2029, de 12,32%, para 12,21%.

Apesar de fechado na sexta-feira quando o exterior operava normalmente, o mercado doméstico não precisou hoje fazer ajustes, na medida em que o pregão das bolsas lá fora esteve relativamente tranquilo. A segunda-feira também foi de poucos destaques e, como os próximos dias têm agenda carregada, o investidor preferiu aguardar para se posicionar.

O comportamento dos Treasuries acabou servindo de referência, principalmente a partir do começo da tarde, quando os yields aprofundaram o recuo. "A agenda aqui é fraca e lá fora chamou a atenção o índice de atividade do Fed de Dallas com queda inesperada", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. O índice geral de atividade comercial do Federal Reserve Bank de Dallas para manufatura desabou a -23,4 em abril, o piso em nove meses. O consenso de mercado era de que melhorasse a -14,6, vindo de -15,7 em março.

O dado ajudou a aliviar a curva dos Treasuries, embora não tenha alterado a aposta quase unânime de que o Federal Reserve vai elevar os juros em 25 pontos-base na reunião da próxima semana. O dólar também mostrou queda tanto ante divisas fortes quanto emergentes, fechando a R$ 5,0409 (-0,35%) no segmento à vista.

O exterior já ajudava quando as taxas tocaram mínimas à tarde, atribuídas a declarações do ministro Padilha, que, embora longe de serem bombásticas, acabaram fazendo preço num dia mais esvaziado. Segundo ele, a eventual instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os atos de 8 de janeiro não deve atrapalhar o andamento dos trabalhos no Legislativo. "Não vai atrapalhar duas questões fundamentais", disse, referindo-se ao calendário de votação do marco fiscal - dia 10 deve ser apresentado o relatório na Câmara - e o relatório da reforma tributária esperado para 19 de maio.

O grande temor do mercado, e que pressionou a inclinação da curva na semana passada, era justamente que CPMI tirasse o foco da regra fiscal. "O medo agora é que o arcabouço deixe de ser prioridade no Congresso. Sinalizações contrárias acabam sendo bem-vindas", disse uma economista. Outra afirmação de Padilha que agradou é a de que o presidente Lula vai definir, juntamente com o ministro Fernando Haddad (Fazenda), a indicação às diretorias do Banco Central quando retornarem da viagem a Portugal. "Tenho certeza absoluta que vindo dessa dupla - Lula e Haddad - só podemos esperar nomes muito qualificados tecnicamente e que tenham o compromisso com a saúde das contas públicas e a responsabilidade social", afirmou Padilha.

Ao longo da semana, o mercado se prepara para uma bateria de indicadores aqui e no exterior, com atenções também voltadas a Brasília. "Os agentes econômicos estão aguardando com expectativa a divulgação de mais detalhes sobre o arcabouço fiscal, bem como uma possível medida de aumento de tributos para melhorar a arrecadação do governo federal", afirma Paulo Silva, economista do Efí Bank. Porém, pondera que há preocupações sobre uso de bancos públicos para subsidiar empréstimos, o que pode afetar prejudicar a transmissão da política monetária, gerando pressão sobre a trajetória futura dos juros.

No Boletim Focus, a mediana das estimativas para o IPCA 2023 subiu de 6,01% para 6,04%, mas ficou estável para 2024 (4,18%), 2025 (4,00%) e 2026 (4,00%).

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