IMPACTO NO BOLSO
Juro do cartão de crédito rotativo sobe para 455% ao ano em maio
Este é o maior nível em mais de seis anos
A taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo subiu de 447,3% ao ano, em abril, para 455,1% ao ano em maio. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 28, pelo Banco Central. Segundo o BC, esse é o maior patamar em seis anos. Em março de 2017, a taxa estava em 490% ao ano, acima da atual.
O crédito rotativo do cartão de crédito é acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento. Essa é a linha de crédito mais cara do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
As concessões de empréstimos por meio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas registraram crescimento em 2022 e bateram recorde. Em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que vai negociar com as instituições financeiras uma redução da taxa de juros cobrada nas operações com o cartão de crédito rotativo. Ele informou que a redução do juro do cartão de crédito rotativo está sendo discutida com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
De acordo com o Banco Central, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas subiu de 45,1% para 45,4%, de abril para maio desse ano. O juro médio, nesse caso, foi calculado com base em recursos livres – ou seja, não inclui os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A taxa média de juros cobrada nas operações com empresas ficou estável em 23,8% ao ano em maio, mesmo patamar de abril. Já nas operações com pessoas físicas, os juros subiram de 59,6% ao ano em abril para 59,9% ao ano em abril - os maiores desde agosto de 2017 (62,3% ao ano). No cheque especial das pessoas físicas, a taxa recuou de 133,5% ao ano, em abril, para 130,7% ao ano em maio de 2023.
Os números são divulgados em um cenário de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao alto patamar da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano - o maior patamar em seis anos e meio. Os juros que servem de base para as taxas bancários, entretanto, são aqueles do mercado futuro, pactuados entre as instituições financeiras com base nas expectativas para a economia brasileira.
Endividamento das famílias e inadimplência
Segundo dados do Banco Central, o nível de endividamento das famílias brasileiras permaneceu estável em 48,5% da renda acumulada nos últimos 12 meses até abril deste ano. Houve uma ligeira queda em relação a fevereiro, quando estava em 48,6%. No entanto, em fevereiro de 2020, antes da pandemia da covid-19, o endividamento das famílias era de 41,8%.
Ao mesmo tempo, a taxa média de inadimplência das operações de crédito registradas pelos bancos aumentou de 3,5% em abril para 3,6% em maio deste ano. Esse é o patamar mais alto desde agosto de 2017, quando alcançou 3,7%.
No que diz respeito às operações com pessoas físicas, a inadimplência manteve-se estável em 4,2% em maio. Esse é o nível mais alto desde maio de 2016, representando um período de sete anos. Já a inadimplência das empresas aumentou de 2,3% em abril para 2,4% em maio. Esse é o patamar mais alto desde maio de 2019, ou seja, em quatro anos.
Publicidade