Zambelli vai à PF, mas só falará após ter acesso aos autos

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) irá comparecer à Polícia Federal (PF), na próxima segunda-feira, 7, para prestar depoimento em relação à investigação na qual é acusada de envolvimento na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Entretanto, sua defesa informou que ela permanecerá em silêncio caso não tenha acesso aos autos do processo.

Segundo as investigações conduzidas pela PF, a deputada é acusada de supostamente pagar ao hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por suas atividades relacionadas à Vaza Jato, para invadir as contas do CNJ e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O objetivo da invasão, conforme a apuração policial, seria inserir documentos falsos no BNMP e fraudar mandados de soltura.

O advogado de Carla Zambelli, Daniel Bialski, declarou ao UOL que a deputada comparecerá no dia marcado, porém, sua intenção é responder às perguntas somente após o acesso aos autos do processo ser garantido. A postura da defesa é uma medida comum adotada em casos criminais, visando resguardar os direitos do investigado durante o depoimento.

A deputada admitiu ter realizado pagamentos a Walter Delgatti Neto, porém, afirmou que esses valores foram destinados a serviços prestados em seu site pessoal, negando qualquer relação com as invasões aos sistemas do CNJ e BNMP.

Na quarta-feira (2), a PF efetuou a prisão preventiva de Walter Delgatti Neto, que ocorreu em Araraquara, interior de São Paulo. Além disso, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a PF realizasse buscas em endereços relacionados a Carla Zambelli e recolhesse armas, computadores, tablets e até mesmo o passaporte da deputada. Moraes também solicitou averiguação em busca de cômodos secretos nos locais.

As invasões aos sistemas do CNJ e BNMP, de acordo com a investigação, ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, e foram realizadas através de credenciais falsas obtidas de forma ilícita por Delgatti e Zambelli.