ECONOMIA

Ibovespa reduz ganho à tarde e sobe 0,18%, aos 118,1 mil pontos

Dólar encerra sessão cotado a R$ 4,9173, em queda de 0,72%
Por Estadão Conteúdo 14/09/2023 - 04:10
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Divulgação
Dólar e Real, relação de altos e baixos
Dólar e Real, relação de altos e baixos

Em parte da sessão, o Ibovespa parecia a caminho de retomar o nível de 119 mil pontos nesta quarta-feira, não visto em fechamento desde 8 de agosto, quando o índice da B3 estava em meio a sua mais longa série negativa, que o levaria no dia 17 passado a concluir 13 perdas em sequência, a maior de que se tem registro na bolsa brasileira desde 1968. Hoje, muito enfraquecido do meio para o fim da tarde, o índice encerrou a sessão ainda em alta de 0,18%, aos 118.175,97 pontos, entre mínima de 117.721,83 e máxima de 119 317,66 pontos, saindo de abertura aos 117.968,12 pontos. Foi o terceiro avanço consecutivo para o Ibovespa, que vinha de quatro baixas ao longo da semana passada.

O giro avançou nesta quarta-feira para R$ 35,4 bilhões no fechamento, com o vencimento de opções sobre o Ibovespa. Na semana, o índice sobe 2,48% e, no mês, 2,10%, colocando o ganho do ano a 7,69%. Se ontem operou na contramão das perdas em Nova York, hoje o índice da B3 se manteve ainda à frente das referências de lá, que também perderam força à tarde, encerrando o dia sem sinal único, entre -0,20% (Dow Jones) e +0,29% (Nasdaq) na sessão.

Mais cedo, pela manhã, os índices americanos mostravam ganhos moderados, amparados por leitura em linha com o esperado para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em agosto - o principal dado da agenda do dia, com o mercado tendendo ainda à cautela até a decisão sobre juros do Federal Reserve na próxima quarta-feira.

"De manhã, o Ibovespa futuro chegou a bater nos 120 mil pontos, com o índice à vista aos 119 mil, e conseguiu se segurar acima dos 118 mil pontos no fechamento. O ânimo do mercado, embora moderado à tarde, se correlacionou ao CPI americano, relativamente em linha com o esperado, o que se combinou, favoravelmente aqui, ao IPCA de ontem, em variação abaixo da expectativa para agosto", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

"Mercado estava aguardando a confirmação do CPI para soltar, digamos assim, o grito de guerra, e começar a melhorar. Os DIs têm fechado bastante - para os curtos, em torno de 40, 50 bps -, o que demonstra expectativa mais favorável para frente", acrescenta Moliterno, destacando a reação positiva em ações de empresas correlacionadas ao ciclo doméstico, como as de varejo e as administradoras de shoppings, bem como as dos bancos, em recuperação em parte do dia.

Conforme observa em nota Greg Wilensky, chefe de renda fixa da Janus Henderson para Estados Unidos, o avanço do CPI em agosto - mensal, de 0,2% para 0,6%, e anual, de 3,2% para 3,7% -, impulsionado pelo aumento nos preços da gasolina, era esperado.

"Os números não mudam nossas expectativas - e do mercado - de que o Fed manterá a taxa (de juros) inalterada na reunião de setembro", acrescenta o gestor, ressalvando que a leitura "ligeiramente mais forte" pode, no entanto, influenciar "o tom da coletiva de imprensa" de Jerome Powell, presidente do Fed, e das projeções econômicas, que também serão divulgadas na quarta-feira que vem.

"Continuamos a esperar alguma redução no número de participantes projetando mais aumentos (de juros), mas provavelmente não o suficiente para mover a projeção mediana de mais um aumento da taxa", aponta o especialista da Janus Henderson.

"A revisão, para baixo, do PIB (americano) do segundo trimestre, os dados mais fracos nas vendas de casas e do mercado de crédito, além da queda no índice de confiança do consumidor, mostram que a economia já vem sentindo os efeitos cumulativos da escalada nas taxas de juros (nos EUA). Os próximos dados serão importantes para corroborar esse cenário", avalia Rafael Perez, economista da Suno Research, casa que considera que a taxa de referência deve permanecer no pico "por um bom tempo, até que a inflação dê sinais de convergência para a meta de longo prazo, de 2% ao ano".

Na B3, com o petróleo ainda em nível elevado em Londres e Nova York, mas em leve viés negativo nas duas praças nesta quarta-feira, Petrobras ON e PN tiveram acomodação, aparando ganhos na casa de 3,4% (PN) a 5,3% (ON) no mês - hoje, a ação ordinária caiu 1,30% e a preferencial, 1,49%, ambas nas mínimas do dia no encerramento. Outro carro-chefe da Bolsa, Vale ON teve um dia de leve variação como ontem, hoje em baixa de 0,38% no fechamento. A sessão era de ganhos mais firmes para os grandes bancos, limitados a 0,40% (Bradesco PN) no encerramento, negativo para Santander (Unit -0,29%) e BB (ON -0,08%).

Na ponta do Ibovespa, destaque para Carrefour Brasil (+3,97%), BTG (+3,76%) e WEG (+3,59%), com Via (-5,13%), Ultrapar (-4,08%) e PetroReconcavo (-2,18%) no lado oposto.

Dólar


Após romper o piso de R$ 4,90 pela manhã e registrar mínima a R$ 4,8962, o dólar à vista reduziu o ritmo de baixa ao longo da tarde em sintonia com o exterior e encerrou a sessão desta quarta-feira, 13, cotado a R$ 4,9173, em queda de 0,72%. A moeda americana ganhou força ante o euro e o iene na segunda etapa de negócios, mas manteve sinal negativo em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo os pares latino-americanos do real.

Com a agenda doméstica esvaziada, os negócios foram guiados pelos indicadores externos. Leitura de inflação ao consumidor nos EUA sem surpresas afastou receio de uma postura mais dura do Federal Reserve no curto prazo. Ferramenta de monitoramento do CME Group mostra que as chances de manutenção da taxa básica americana na faixa entre 5,25% e 5,50% na reunião de política monetária do BC americano na semana que vem (dias 19 e 20) se mantiveram acima de 90%. Há ainda por volta de 45% de probabilidade de uma elevação dos juros até o fim do ano.

Operadores notaram desmonte parcial de operações cambiais defensivas no segmento futuro. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar para outubro apresentou bom giro, acima de US$ 12 bilhões. Ontem, a alta da divisa americana por aqui foi atribuída justamente a uma postura cautelosa de investidores, que procuraram proteção no mercado futuro diante de temores de que a inflação americana surpreendesse para cima.

"O CPI dos EUA veio bastante em linha com o esperado. A primeira reação foi alta das taxas dos títulos do tesouro americano, que cederam em seguida, renovando mínimas ao longo do dia. Essa redução das taxas dos Treasuries derruba o dólar", afirma o diretor de tesouraria do Braza Bank, Bruno Perottoni.

As atenções se voltam agora para a divulgação, amanhã, da inflação ao produtor (PPI) e dos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA. Do outro lado do Atlântico, o Banco Central Europeu (BCE) anuncia decisão de política monetária, seguida de pronunciado da presidente da instituição, Christine Lagarde.

Por aqui, o Banco Central informou que o fluxo cambial total em setembro (até o dia 8) está negativo em US$ 1,739 bilhão, em razão de saída líquida de US$ 2,713 bilhões pelo canal financeiro. No comércio exterior, houve entrada líquida de 873 milhões nesse período. No ano (até 8 de setembro), o fluxo cambial total é positivo em US$ 20,612 bilhões.

Segundo Perottoni, do Braza Bank, a percepção do mercado é que não há motivos que sustentem uma taxa de câmbio acima do nível de R$ 5,00. Por outro lado, a ausência de "boas notícias do lado fiscal e de crescimento" impedem uma apreciação mais forte do real. Há incertezas também em torno do ritmo e da magnitude do ciclo de cortes da taxa Selic.

"O mercado parece estar confortável com ritmo de cortes de 50 pontos-base, mas ainda há que se definir que nível teremos no final do ciclo", afirma o tesoureiro, ressaltando que o processo de redução dos juros deve respeitar a realidade econômica do País. "O Chile vem forçando quedas de juros mais abruptas, e o peso chileno se desvalorizou fortemente. Na contramão, o México mantém a taxa básica em 11,25%, e o peso mexicano segue sua trajetória de valorização frente ao dólar".

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