Um homem de bem. E do bem
Na jornada da vida, somos presenteados com a oportunidade de cruzar caminhos com almas que nos transformam. Algumas, por sua efemeridade, marcam a paisagem por um instante. Outras, pela constância de sua presença, tornam-se parte inseparável de nosso próprio ser. A partida desse meu amigo, um homem com quem convivi desde a mais tenra idade, representa o adeus a um desses pilares. Ele partiu, mas o fez para uma nova missão, certamente tão aglutinadora quanto foi toda a sua vida aqui.
Ele era um ser raro. Sua decência não era uma virtude proclamada, mas uma verdade vivida em cada gesto, em cada palavra. Nunca se ouviu falar de seu envolvimento em falcatruas, negócios nebulosos ou ações que pudessem prejudicar quem quer que fosse. A sua integridade era inquestionável, um norte seguro para todos que o conheciam.
Com seu espírito bonachão e alegre, ele semeava amizades por onde passava. Era um agregador nato, unindo os mais diversos círculos — dos amigos de longa data aos colegas de trabalho, passando pela família e pelos companheiros de boemia, que ele vivia com a responsabilidade que lhe era peculiar. Sua inteligência e seu carisma atraíam e somavam admiradores, criando um vasto tecido de afeto e respeito. Onde quer que ele estivesse, era a pessoa mais amada, querida e admirada. Um amigo leal, um confidente para todas as horas, alguém a quem se podia recorrer sem receio, certo de que a ajuda viria sem julgamentos, mas com a sabedoria e a leveza de quem sabia o valor de um bom conselho.
Sua ausência deixa um vazio imenso. A falta que ele fará é incomensurável. Contudo, o luto é a prova tangível de uma amizade genuína, e a saudade que fica é o eco de uma presença que jamais será esquecida. Seu legado não reside em grandes feitos, mas na nobreza de seu caráter e na capacidade de amar e se fazer amado. Ele se foi, mas a memória de sua bondade, sua alegria e seu espírito agregador permanecerão em nossos corações, uma herança de inestimável valor.
Na verdade, esse ser iluminado não era apenas meu amigo. Ele era meu irmão. O Náh Fragoso.
Uma elegia ao meu pai
Esse texto é de minha sobrinha, Erica Fragoso, sobre o pai. Uma descrição precisa e tocante ao mesmo tempo sobre um cara especial. Por isso a inseri como fecho deste meu artigo semanal
Josenal Pereira Fragoso, conhecido carinhosamente por Náh. Um dos fundadores do grupo de samba Xi-ki-tim. Mestre do cavaquinho (além de tudo que vem do samba), bom de bola, azulino e botafoguense de corpo e alma e advogado habilidoso e competente chefe do jurídico da CEAL por décadas. Colecionador de amigos, amante de uma boa conversa, contador de piadas, apreciador de uma cerveja gelada e um bom vinho, grande conselheiro e exímio escritor (sim, era muito bom em textos carregados de emoção).
Filho, pai, esposo, avô e irmão zeloso, sempre presente e provedor. Viveu como bem quis e bem entendeu, feliz com a sensação de dever cumprido e com a alegria de ter formado uma linda família e cultivado amizades.
Sem sombra de dúvidas fará muita falta! Que Deus o guarde por toda a eternidade, meu pai!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA