ECONOMIA

Com Nova York, Ibovespa sobe 0,31%, aos 132,4 mil pontos

Dólar à vista encerra em baixa de 0,04%, cotado a R$ 4,8702
Por Estadão Conteúdo 09/01/2024 - 04:30
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Dólar e Real, relação de altos e baixos
Dólar e Real, relação de altos e baixos

O Ibovespa lutou para reter a linha dos 132 mil pontos, em sessão na qual manteve margem de variação estreita do início ao meio da tarde, bem perto da estabilidade. Ao fim, mostrava leve alta de 0,31%, aos 132.426,54 pontos, entre mínima de 131.014,77 e máxima de 132.498,05 pontos nesta segunda-feira, 8, de giro a R$ 19,9 bilhões. Em janeiro, o Ibovespa acumula até aqui perda de 1,31%.

Do meio para o fim da tarde, o Ibovespa se firmou em alta na sessão, acompanhando a acentuação de ganhos em Nova York, com destaque para o setor de tecnologia, que levou o Nasdaq a avançar 2,20% nesta segunda-feira. A abertura da semana foi marcada por forte correção nos preços do petróleo, com o Brent em queda de 3,35% e o WTI, de 4,12%, na sessão. Assim, Petrobras (ON -1,86%; PN -0,75%, esta na máxima do dia no fechamento) pesou sobre o Ibovespa desde cedo, em dia negativo para outra gigante, Vale (ON -0,51%), que também moderou perdas em direção ao encerramento.

A sessão foi desfavorável às ações de grandes bancos, à exceção de BB (ON +0,86%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, Azul (+7,66%), Casas Bahia (+6,73%) e Magazine Luiza (+6,09%), entre outras ações ligadas ao ciclo doméstico, como Dexco (+5,76%) e Arezzo (+5,44%). No lado oposto, além de Petrobras, destaque para São Martinho (-1,83%), CSN Mineração (-1,40%) e RaiaDrogasil (-1,12%)

"O índice futuro abriu hoje em um gap de baixa de mais de 0,6% e, ao longo do pregão, o mercado foi se estabilizando, voltando a patamar positivo e encerrando não tão longe do zero a zero. As ações da Petrobras dificultaram, hoje, o desempenho do Ibovespa, em dia negativo para outros ativos de peso no índice, como Vale e Itaú (PN -1,07%), descolando-o em boa parte da sessão do S&P 500 (+1,41%) e de outras referências de Nova York, que fecharam em alta", diz Thiago Lourenço, operador de renda variável do Manchester Investimentos.

"O petróleo tem sido negociado numa região de preço bastante importante, e se não conseguir sustentá-la, pode vir pressão adicional sobre as ações da Petrobras e, por consequência, no Ibovespa", acrescenta. Hoje, o Brent para março fechou em Londres a US$ 76,12 por barril, enquanto o WTI para fevereiro foi, em Nova York, a US$ 70,77 por barril. "Um respiro no petróleo será fundamental para o Ibovespa retomar a tendência de alta vista nas últimas semanas de 2023 para, quem sabe, buscar a região dos 150 mil pontos, talvez ainda no primeiro trimestre."

Nesta segunda-feira, os ativos do mercado de commodities mostraram, desde a abertura, desempenho predominantemente negativo, "com destaque para a terceira queda consecutiva do minério no pregão asiático e forte queda do petróleo, seguindo corte de preço da Arábia Saudita em meio às incertezas com relação à demanda este ano", aponta em nota a Guide Investimentos.

Em dia de agenda mais fraca, a Guide destaca, para a semana, a divulgação de novas leituras sobre os índices de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) nos Estados Unidos - na quinta e na sexta-feira, respectivamente -, além do início da temporada de balanços de empresas americanas, na sexta-feira, com nomes de peso do setor financeiro, como Bank of America, BlackRock e Citigroup.

Dólar


O mercado de câmbio doméstico iniciou a semana em ritmo lento e com pouco apetite por negócios. Em um pregão morno, o dólar à vista encerrou em baixa de 0,04%, cotado a R$ 4,8702, com oscilações de pouco mais de três centavos entre a mínima (R$ 4,8643) e a máxima (R$ 4,9008). Lá fora, o dólar recuou na comparação com seus pares, como o euro, e apresentou comportamento sem direção única em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, em dia marcado por tombo de mais de 4% das cotações do petróleo, após a Arábia Saudita anunciar redução de preços.

Segundo operadores, com a agenda doméstica esvaziada e na expectativa por números de inflação nos aqui e nos EUA nesta semana, investidores adotaram uma postura mais cautelosa, evitando apostas mais firmes. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para fevereiro recuou 0,18%, aos R$ 4,8845, e movimentou pouco mais de US$ 10 bilhões

O diretor de investimentos da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, observa que não há fatos novos, neste momento, que possam alimentar uma nova onda de valorização de ativos emergentes como real. Com o quadro doméstico fiscal em segundo plano neste início de ano, apesar dos ruídos políticos entre Congresso e governo no tema da desoneração, as atenções estão voltadas às apostas para o início de corte de juros nos EUA.

"Parece que houve um exagero no rali do mercado de renda fixa no fim do ano que ajudou moedas emergentes e agora há alguma correção. O Federal Reserve já sinalizou que, pelos fundamentos, está comprometido com três cortes de juros, mas o mercado tinha colocado seis cortes na curva de juros", diz Jolig. "A dúvida neste ano é se vai haver recessão nos Estados Unidos. Ou se a atividade vai continuar forte e a inflação parar de arrefecer. Vamos ver como vai vir o CPI. Se surpreender para cima, talvez o corte de juros no primeiro trimestre não se materialize."

Na quinta-feira, 11, sai o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA referente a dezembro, o que pode levar a uma recalibragem das apostas para o início de corte de juros ainda neste primeiro trimestre. Após a ata do Federal Reserve e o relatório oficial de emprego (payroll) na semana passada, houve leve recuo nas chances de redução dos Fed Funds em março, que ainda continuam, contudo, superiores a 60%.

Juros


Os juros futuros subiram pela sexta sessão seguida, hoje na contramão da queda nas taxas americanas. Segundo analistas, a cautela domina o mercado de renda fixa e as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) corrigem parte da queda vista no fim de 2023. Preocupações com a meta fiscal de 2024 e com a dinâmica da inflação também pesaram, em um dia de noticiário esvaziado.

A combinação desses fatores fez com que os juros domésticos subissem em toda a curva a termo. A taxa do contrato para janeiro de 2025, mais negociado da sessão, avançou de 10,054% no ajuste anterior para 10,095%. Outros contratos também subiram na comparação com os ajustes: janeiro de 2026 (9,664% para 9,720%), janeiro de 2027 (9,791% para 9,855%) e janeiro de 2029 (10,205% para 10,265%).

Ao contrário das últimas sessões, o desempenho da curva doméstica ficou descolado da curva americana, onde as taxas caíram em bloco. O rendimento da T-Note chegou a ceder abaixo da marca psicológica de 4%, refletindo a forte queda dos preços do petróleo, entre 4,12% (WTI) e 3,35% (Brent), após a Arábia Saudita ter reduzido os preços da commodity para clientes de alguns países.

O gerente de renda fixa e distribuição de fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, atribui o aumento dos juros futuros a uma correção da forte queda vista nos últimos dois meses de 2023. Segundo o profissional, o forte apetite por risco visto no fim do ano passado deu lugar a um ambiente de maior cautela, natural em inícios de ano, enquanto a liquidez continua fraca.

"Temos um processo de correção, com maior cautela, em relação àquele mercado mais bullish, mais afeito à tomada de risco, que vimos no fim do ano passado", afirma Alírio. "Essa maior cautela faz o nosso mercado ficar dessintonizado com o que está acontecendo lá fora."

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, cita dois outros fatores como explicação para o aumento dos juros aqui. Em primeiro lugar, a percepção no mercado de que a inflação pode ser mais alta no curto prazo, devido aos efeitos do El Niño. Em segundo, as incertezas em torno da meta fiscal de 2024, que prevê a zeragem do déficit primário.

"Acho que esse aumento está mais ligado à percepção de mais inflação no curto prazo e de uma possível mudança na meta de resultado primário, que volta a entrar em discussão", diz Lima.

Hoje, oito frentes parlamentares ligadas a setores produtivos enviaram um ofício a líderes partidários e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pedindo a devolução da MP que promove a reoneração gradual da folha. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse estar "confiante" de que Pacheco não devolverá a MP à Presidência da República.

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