CIÊNCIA E SAÚDE

Conheça o método Wolbachia que pode eliminar os casos de dengue

Bactéria impede que os vírus da dengue, Zika e chikungunya se desenvolvam dentro do mosquito
Por Redação 14/03/2024 - 16:18

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Agencia Brasil
Mosquito Aedes Aegypti com a bactéria não deixa vírus da dengue se proliferar no mosquito
Mosquito Aedes Aegypti com a bactéria não deixa vírus da dengue se proliferar no mosquito

Em meio ao aumento de casos de dengue no país e de mortes pela doença, Niterói tem se mantido com baixos níveis de contaminação. Isso porque, a prefeitura da cidade utiliza do método wolbachia desde 2015 e se tornou o primeiro município no Brasil com 100% do território coberto pela técnica.

A wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 50% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a wolbachia impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dele, contribuindo para a redução das doenças.

Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.



O método é ambientalmente amigável e de acordo com a World Mosquito Program (WMP), o wolbachia, que é intracelular, e não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos. Além disso está presente naturalmente em outras espécies de artrópodes. Ou seja, ao estabelecer uma população de Aedes aegypti com wolbachia, não haverá alteração significativa nos sistemas ecológicos.

Durante o debate promovido pelo Correio, Dengue — Uma luta de todos, que ocorreu me fevereiro, o coordenador científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Alexandre Lima Rodrigues Cunha, disse que uma das alternativas tecnológicas como forma de enfrentamento do mosquito no Distrito Federal deve ser o método wolbachia. "Uma delas é a bactéria wolbachia, que infecta outros insetos e consegue infectar o aedes macho e, quando ele está infectado, o vírus da dengue não consegue se proliferar dentro dele”, explica.

Segundo o coordenador, esse mosquito infectado, ao se ele acasalar com a fêmea terá descendestes estéreis e não transmitirão a doença. “Na Austrália, por exemplo, conseguiram erradicar, onde o projeto foi pioneiro”, conta. “E não há nenhum risco biológico, são mais de 10 anos de estudos com o wolbachia”, comenta.

Em Niterói


Em Niterói, o trabalho foi iniciado em 2015 com uma ação piloto em Jurujuba. Em 2017, começou uma expansão no município, e o método wolbachia chegou a 33 bairros das regiões praias da Baía e Oceânica. Em 2021, dados revelaram a eficácia da proteção garantida pela wolbachia e os números apontaram a redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica. Naquele período, 75 % do território estava coberto.

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