Agricultura
Embrapa cria e aplica protetor solar eficiente para plantas e frutas
Sombryt BR é classificado como fertilizante mineral simples à base de carbonato de cálcio
A Embrapa, em parceria com a indústria de biofertilizantes Litho Plant , desenvolveu o Sombryt BR, um protetor solar para plantas que diminui a queima de folhas e frutos, aumenta a resiliência e a adaptação das culturas às mudanças climáticas. Já testado em culturas como abacaxi, banana, citros, mamão, manga e maracujá, o produto demonstrou alta eficiência na redução de danos físicos e no aumento da produtividade.
“O produto melhora o balanço energético da planta, tornando-a mais eficiente no uso de água e na realização de trocas gasosas, o que resulta em maior resiliência e produtividade”, explica Mauricio Coelho , pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) e coordenador dos experimentos.
Doutorado
O trabalho com citros em Rio Real embasou a tese de doutorado do engenheiro-agrônomo Valbério dos Santos , defendida na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia ( UFRB ). Ao longo de três colheitas, houve a combinação do protetor solar com três tratamentos de manejo de água: irrigação plena, irrigação com déficit moderado e ausência de irrigação. Santos, que realizou os experimentos com 175 plantas no Sítio Nova Esperança, propriedade particular, conta que o pico de floração do pomar acontece em setembro, quando a temperatura começa a se elevar, período também em que as chuvas diminuem. “Os frutos estão novos, ainda muito pequenos, e já se inicia a estação seca. Daí temos muito aborto de fruto e, no fim, há queda na produção. Resolvemos testar o protetor, e foi bem interessante o resultado, principalmente na condição de sequeiro, chegando a 17% o aumento de produtividade, apesar de o produto ter influenciado nos três tratamentos. Identificamos uma melhoria nos indicadores fisiológicos da planta, que permaneceram mais estáveis, e também na qualidade do fruto em si."
Engenheiro-agrônomo da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe ( Emdagro ), Santos diz que a expectativa é utilizar o produto com os citricultores da região dos Tabuleiros Costeiros. “Observamos o aumento da massa dos frutos na condição de sequeiro, o que é muito bom para os citricultores daqui, pois na nossa realidade a predominância é plantio sem irrigação mesmo”, completa.
Resiliência da planta e redução do dano físico do fruto
Coelho destaca que a aplicação do protetor tem dois focos. O primeiro é o aumento da resiliência da planta. “Melhorando o balanço energético, mitigamos os efeitos deletérios dos estresses abióticos [influências derivadas de aspectos físicos , químicos ou físico-químicos do meio ambiente ] nos processos bioquímicos. O objetivo é melhorar as trocas gasosas, a eficiência do uso de água e reduzir os danos fisiológicos, com maior eficiência fotossintética. A planta se torna mais resiliente e, por consequência, mais produtiva.”
O outro foco é a prevenção do dano físico nas folhas e nos frutos, causado pela alta irradiância em regiões de temperaturas elevadas. Quando há a queima, o fruto perde valor comercial e os ganhos do produtor são menores. Um problema para culturas como manga e abacaxi, em que a perda é grande em termos de produção final por conta desses danos na casca dos frutos.
“O produtor pode ganhar das duas maneiras, tanto na resiliência como mitigando a queima de frutos. Mas, se o objetivo principal é reduzir a queima, o produtor pode tomar, por exemplo, a decisão de, em vez de pulverizar toda a planta, focar a pulverização nos frutos mais expostos à irradiância no período da tarde”, pontua o pesquisador.
A aplicação do produto
De acordo Rastoldo, o processo de produção industrial está pronto para atender às demandas do mercado brasileiro, com capacidade inicial de produção de 100 mil litros por ano. O público-alvo são pequenos, médios e grandes produtores, sem restrições para aplicação nos cultivos em ambientes protegidos. O Sombryt BR será lançado logo que se concluir o modelo de negócio, com as definições sobre a exploração comercial do produto.
O protetor solar é aplicado via pulverização nos pomares, apenas diluindo-se com água, sem nenhum aditivo auxiliar. Essa formulação aumenta a reflexão de luz para mitigar efeitos térmicos no dossel vegetativo de fruteiras. As aplicações podem ser feitas por meio de pulverizadores costais, atrelados a máquinas agrícolas ou a veículos aéreos (aviões ou drones).
Em termos de custo, Rastoldo explica que o valor médio do litro do Sombryt BR deve variar de R$ 80 a R$ 100, e a dose por aplicação fica em torno de 300 ml a 1,5 l por hectare.