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Comércio desacelera ritmo de inovação após a pandemia, aponta pesquisa
Estudo mostra queda no índice de empresas que inovaram e destaca desigualdade
Após os avanços tecnológicos impulsionados pela pandemia, o comércio brasileiro apresenta sinais de desaceleração no ritmo de inovação. É o que revela a Pesquisa de Inovação 2024, conduzida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com empresários de oito regiões metropolitanas do país. Segundo o levantamento, 38,53% dos entrevistados afirmaram ter inovado em seus negócios, número inferior aos 55% registrados na edição anterior do estudo.
O levantamento indica que o setor passa por um período de adaptação ao cenário pós-pandêmico, mas também evidencia entraves estruturais à transformação do varejo. Entre os principais obstáculos estão os altos custos, a escassez de incentivos governamentais, a baixa qualificação técnica e a dificuldade de acesso a tecnologias. O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, aponta ainda o ambiente macroeconômico adverso, com juros elevados e crédito restrito, como fator que leva empresas a priorizarem a sobrevivência em detrimento da inovação.
A pesquisa revela uma disparidade significativa entre empresas de diferentes portes. Enquanto 68,5% das grandes empresas relataram ações inovadoras, apenas 35,13% das pequenas afirmaram o mesmo. Para o diretor de Economia e Inovação da CNC, Maurício Ogawa, é necessário revisar as políticas públicas para contemplar negócios optantes pelo Simples Nacional, responsáveis por 98% das empresas do setor e mais da metade do PIB do comércio.
Entre os que inovaram, a maioria concentrou esforços no marketing digital e na experiência do cliente: 78,63% afirmaram ter adotado novas estratégias de comunicação, personalização de serviços e presença online. Também foram registradas mudanças em comunicação interna, logística e atendimento. No entanto, apenas 5,2% das empresas desenvolveram inovações consideradas disruptivas, o que reforça a predominância de soluções de baixo risco e impacto imediato.
Apesar do cenário de cautela, o estudo indica avanços na adoção de práticas de inovação aberta: 45,8% das empresas que inovaram disseram ter estabelecido parcerias com universidades, institutos de pesquisa ou outras empresas. Para a CNC, a ampliação dessas redes de colaboração, aliada a medidas de incentivo específicas para pequenos negócios, é essencial para impulsionar a competitividade do setor no futuro.