SÁUDE EM ALERTA
País registra quase 500 mil afastamentos no trabalho por transtorno mental
Entre os estados, São Paulo liderou o ranking de afastamentos, com 133.184 casos
De acordo com dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Escritório da Organização Nacional do Trabalho (OIT), os afastamentos por problemas de saúde mental no Brasil tiveram um aumento alarmante de 134% entre 2022 e 2024.
Entre 2012 e 2024, o país registrou aproximadamente 8,8 milhões de acidentes de trabalho e cerca de 32 mil mortes com carteira assinada no país.
Dados do Ministério da Previdência indicam que, em 2024, foram solicitados 3,5 milhões de pedidos de licença no INSS por diferentes doenças. Desse total, 472.328 mil pessoas foram afastadas do trabalho e passaram a receber benefícios por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) devido a transtornos mentais. Entre os principais motivos de afastamento estão reações ao estresse (28,6%), ansiedade (27,4%), episódios depressivos (25,1%) e depressão recorrente (8.46%). No panorama geral de afastamentos, destacam-se como predominantes os episódios depressivos (25,6%), a ansiedade (20,9%) e a depressão recorrente (12,0%).
Entre os estados, São Paulo liderou o ranking de afastamentos, com 133.184 casos. Seguido por Minas Gerais com 70.416 registros; Rio Grande do Sul com 39.250; Santa Catarina com 35.819; e, em quinto lugar, o Rio de Janeiro. com 33.596 afastamentos. Entre as doenças mais prevalentes estão: 1º - Ansiedade (141.414 benefícios concedidos) 2º - Episódios de Depressão (113.604) 3º - Transtorno depressivo recorrente (52.627) 4º - Transtorno afetivo bipolar (51.314) 5º - Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substâncias psicoativas (21.498).
Como estão os profissionais da saúde? Os responsáveis por cuidar da população estão ficando mais doentes do que os próprios pacientes, devido às jornadas exaustivas, sobrecarga emocional e falta de apoio psicológico. Segundo dados de 2023, levantados pela Fiocruz, 59% desses trabalhadores relatam sintomas de ansiedade e depressão.
“Antes da pandemia, o cenário já era preocupante, mas a situação se agravou ainda mais. Esperamos que a revisão da NR-1 possa trazer luz às necessidades de reconhecer e agir sobre os riscos psicossociais, muitas vezes invisíveis. Nossa entidade vê essa atualização como uma oportunidade para que as instituições implementem políticas reais de proteção e bem-estar, com foco não apenas na prevenção de acidentes físicos, mas também no cuidado integral dos trabalhadores”, relata Alessandra Roscani, diretora de Comunicação e Marketing da SOBRASP – Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente.