A Braskem anunciou, por meio de fato relevante, que contratou assessores financeiros e jurídicos para auxiliar na elaboração de alternativas que visem otimizar sua estrutura de capital. A informação foi divulgada na manhã de sexta-feira, 26, e teve reflexo imediato no mercado: as ações da companhia (BRKM5) despencaram 14,81% no pregão, fechando a R$ 7,02, menor valor em uma década.

Segundo apuração, os contratados foram o banco Lazard e os escritórios de advocacia E. Munhoz e Cleary Gottlieb. O movimento foi interpretado por investidores como sinal de reestruturação da dívida, diante do elevado nível de endividamento da petroquímica.

Endividamento elevado

O JPMorgan destacou que a Braskem opera atualmente com alavancagem de cerca de 10,5 vezes, índice considerado insustentável. Para analistas, a decisão da empresa indica que uma reestruturação formal não está descartada, embora haja espaço para negociações fora da Justiça.

“Não existe bala de prata”

Em relatório, o Bradesco BBI avaliou que a contratação de assessores não resolve, por si só, os desafios da empresa. “Não existe bala de prata para entregar a virada da Braskem”, escreveu o banco. A instituição aponta que outras medidas serão necessárias, como cortes de custos, venda de ativos, renegociação de contratos de matérias-primas e até uma potencial oferta de ações.

Pressão de analistas

O movimento também foi pressionado pelo rebaixamento do UBS BB, que reduziu a recomendação de BRKM5 de compra para neutro e cortou o preço-alvo de R$ 15 para R$ 10. Para o banco, tarifas de importação mais altas e a aprovação do Projeto de Lei 892/2025 (PRESIQ) tornaram-se pré-requisitos para conter a queima de caixa no curto prazo.

Papel do PRESIQ

O PRESIQ prevê a concessão de créditos fiscais para fortalecer a indústria petroquímica no país. Estimativas da XP Investimentos indicam que a medida poderia gerar até US$ 500 milhões por ano em Ebitda para a Braskem até 2026, um acréscimo equivalente a 40% das projeções de lucro operacional para 2025.

Apesar disso, analistas ressaltam que o projeto ainda depende de tramitação no Congresso e não será suficiente, isoladamente, para resolver os problemas estruturais da companhia.