em 1989
Prêmio de fã que acertou morte de Odete foi bloqueado pelo Plano Collor
Mineira de 14 anos venceu concurso de ‘Vale Tudo’ e usou o dinheiro para ajudar a família
Era janeiro de 1989 e o Brasil inteiro queria saber: “Quem matou Odete Roitman?”. A pergunta que paralisou o país na reta final da novela Vale Tudo, sucesso da TV Globo, virou também um grande concurso nacional, com prêmios em dinheiro para quem acertasse o nome do assassino. Entre mais de três milhões de cartas enviadas, a vencedora foi Laura Boaventura, uma adolescente de apenas 14 anos, de Belo Horizonte, que levou o equivalente a R$ 110 mil da época.
A iniciativa foi promovida em parceria com a marca Caldos Maggi e oferecia 5 milhões de cruzados ao telespectador que apontasse o autor do crime que tirou a vida de Odete, interpretada por Beatriz Segall. A jovem mineira acertou o palpite: a assassina era Leila, personagem vivida por Cássia Kiss.
Em entrevista recente ao portal O Tempo, Laura lembrou como a brincadeira mudou a vida de sua família. “Eu assistia à novela com o meu avô, e a gente ficava tentando adivinhar. Escrevi três cartas com o nome da Leila e rezava todo dia para ganhar o prêmio e ajudar minha mãe”, contou. O dinheiro veio em boa hora — a família usou parte do valor para pagar a escola, quitar dívidas e comprar um videocassete, sonho de consumo da época.
Mas o destino reservava uma reviravolta digna de novela. Pouco mais de um ano depois, parte do prêmio que havia sido guardada na poupança foi bloqueada pelo confisco do Plano Collor, em 1990. Mesmo assim, a jovem vencedora diz que não guarda arrependimentos: “Ajudar minha mãe e ver a alegria dela foi o melhor de tudo.”
O caso de Laura Boaventura se tornou uma das histórias mais curiosas da televisão brasileira — símbolo de uma época em que novela, sorte e política se misturaram no imaginário popular. Décadas depois, o mistério de Odete Roitman volta a mobilizar o público com o remake de Vale Tudo.