Na ausência do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), à cerimônia de sanção da reforma do Imposto de Renda, nesta quarta-feira, 26, Arthur Lira (PP-AL) assumiu o protagonismo no Palácio do Planalto. O ex-presidente da Câmara distribuiu afagos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e chegou a mencionar, de forma explícita, a possibilidade de um “próximo mandato”, que seria o quarto da trajetória política do petista.

A ausência de Motta ocorre após o rompimento público com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). Embora aliados tentem sustentar que o “divórcio” seria apenas com o deputado e não com o governo, o gesto expôs a crise entre a cúpula do Republicanos e o Planalto, com reflexos também no Senado.

Entre trechos lidos e improvisos, Lira exaltou a “honra” dos dois anos em que conviveu com Lula quando liderava a Câmara. Segundo ele, a relação foi “mais próxima, correta e tranquila”, sempre voltada ao equilíbrio nas votações. Ele também elogiou integrantes estratégicos do governo, como a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Relator escolhido pelo Planalto para o projeto mais relevante de 2025, Lira destacou a construção de unanimidade em torno da nova faixa de isenção. “Essa unanimidade não é mero detalhe. Ela demonstra, presidente Lula, o tamanho dessa vitória para o seu governo e para o povo brasileiro”, afirmou. Lula ouviu atentamente, assentindo com a cabeça, mas mantendo expressão séria durante boa parte do discurso.

Mesmo ausente, Motta não passou despercebido. Lira agradeceu ao sucessor pela confiança no processo de tramitação e pelos apoios recebidos.

Já perto do final da fala, ao citar reuniões com centrais sindicais e demandas que poderiam ter impacto fiscal no futuro, Lira aproveitou o momento para lançar o aceno mais político do evento:
“O tamanho e o problema desse impacto, presidente Lula, a gente teria que trabalhar em um outro momento, com mais calma, talvez até no próximo mandato que Vossa Excelência possa concorrer.”

Mudança no Imposto de Renda

A lei sancionada amplia a isenção total do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. Para rendas maiores, haverá faixas com desconto proporcional até R$ 7.350, enquanto acima desse valor permanece a alíquota integral de 27,5%.

Segundo o Ministério da Fazenda, brasileiros na faixa isenta devem economizar cerca de R$ 4.356 por ano. Já aqueles nos níveis intermediários terão redução entre R$ 1.300 e R$ 3.300, a depender da renda. O governo estima que 25 milhões de contribuintes serão beneficiados.