COVID-19

Casos de coronavírus aceleram e Brasil chega a quase 2 milhões

Por Com Reuters 16/07/2020 - 14:22

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Depois de levar quatro meses para atingir o primeiro milhão de casos o Brasil deve passar dos 2 milhões em apenas 27 dias
Depois de levar quatro meses para atingir o primeiro milhão de casos o Brasil deve passar dos 2 milhões em apenas 27 dias

Uma explosão de infecções nos Estados do Sul e do Centro-Oeste colocou o Brasil a caminho de acumular o segundo milhão de casos de Covid-19 em menos de um mês, em um rápido avanço da doença marcado por um alarmante patamar de mortes equivalente a seis acidentes de avião em média a cada dia.

Depois de levar quase quatro meses para atingir o primeiro milhão de casos de coronavírus —da primeira infecção, confirmada em 26 de fevereiro, até 19 de junho—, o Brasil deve passar dos 2 milhões em apenas mais 27 dias, caso registre ao menos 33.252 casos nesta quinta-feira, conforme esperado.

Junto com o avanço dos casos pelo país, veio um novo platô superior a 1 mil mortes registradas por dia em média, que ocorre desde o princípio de junho. Com isso, o Brasil passou dos 75 mil óbitos em decorrência da Covid-19, com a taxa de mortalidade indo de 103 por 1 milhão de habitantes em meados de maio para 359 por 1 milhão atualmente.

“Como a epidemia se distribui desigualmente no espaço geográfico, o número de casos no Brasil está alto e estamos em um platô no número de mortos elevadíssimo, de mais de 1 mil mortes por dia, e isso nos preocupa muito”, disse Roberto Medronho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio e Janeiro (UFRJ) e líder do Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 da UFRJ.

“Na verdade, nós temos em torno de 5 a 6 aviões caindo por dia, e o que eu vejo é uma fila enorme de pessoas querendo viajar nesses aviões”, acrescentou, lembrando as cenas de aglomerações de pessoas em bares no Rio de Janeiro após a reabertura.

Ao mesmo tempo que atinge a triste marca de 2 milhões de casos, o Brasil segue há mais de dois meses com um ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, depois de dois titulares da pasta deixarem o governo por discordâncias com a política do presidente Jair Bolsonaro para lidar com a doença.

“O governo manteve a postura dele apesar da crise sanitária, pensou mais no dinheiro das pessoas que o financiam do que na saúde do próprio povo... Também zomba da doença, não acredita, acha que o isolamento social —que é a medida mais eficaz de conter o avanço da doença— zomba dessa questão também, acha que tem que estar todo mundo na rua”, afirmou o gerente de loja Rafael Reis, que perdeu a mãe, de 71 anos, vítima da doença no Rio de Janeiro.

“Não que a gente esteja pronto para isso em algum momento da vida, mas ser dessa forma, com a Covid levando a minha mãe, foi muito, muito dolorido”, acrescentou Rafael Reis, de 34 anos.

Bolsonaro, que na semana passada anunciou ter testado positivo para a Covid-19, desde o princípio minimizou a pandemia, chegando a chamar a doença de “gripezinha”, e sempre foi crítico às medidas de isolamento defendidas por especialistas para conter a circulação do vírus, alegando que o impacto econômico seria pior do que a própria doença.

Questionado no final de abril sobre as mortes em decorrência da Covid-19, após o Brasil ultrapassar o total de óbitos da China, o presidente respondeu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?​” — apesar do desespero das famílias que perdem seus entes queridos.



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