ALTA DEMANDA
Estoque de medicamentos do kit intubação zerou, dizem distribuidoras

Distribuidoras de medicamentos anunciam que estão com os estoques zerados do chamado “kit intubação“, que reúne analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares,com o agravamento da crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus no país – considerada por elas como “a maior catástrofe do século 21”.
Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, o presidente-executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Medicamentos Especializados, Excepcionais e Hospitalares (Abradimex), Paulo Maia, relata que a demanda de drogas do kit intubação aumentou “extremamente”.
O número de pedidos cresceu tanto nas últimas semanas, diz Maia, a ponto de superar a produção e, assim, zerar os estoques da maioria das distribuidoras. Mortes por Covid-19 batem recordes diariamente no país, que sofre, ainda, com a falta de leitos de UTI e de medicamentos para intubação.
Nos estoques dessas distribuidoras faltam drogas como: atracúrio, rocuronio 50 mg, succinicolina 100 mg, cisatracurio, pancuronio 4 mg/2 ml, cetamina 50 mg/2 ml, fentanila 5 ml, fentalina spinhal, propofol, alfentalina 2,5 mg/5 ml, remifentanila, sufentanila 50 mcg/1 ml e midazolam 15 mg.
“Sistematicamente, as distribuidoras solicitam aos fabricantes a reposição dos estoques, e, por fatores diversos os pedidos são atendidos parcialmente, mas assim que os medicamentos são disponibilizados, rapidamente são enviados aos hospitais, deixando o estoque novamente zerado”, diz Maia.
“Como a reposição não tem sido feita em tempo hábil nem em sua plenitude, apenas parte dos distribuidores possuem um estoque de pequeno volume de alguns destes medicamentos, que possivelmente dure em torno de uma semana, a depender da demanda”, ressalta.
Fundada em janeiro de 2007, a Abradimex é uma entidade de classe, de âmbito nacional, que reúne distribuidoras que, juntas, representam cerca de 65% do mercado institucional brasileiro, que envolve instituições públicas e privadas, clínicas especializadas, planos de saúde e hospitais.
A lista é parecida com a divulgada pelo Fórum Nacional de Governadores na última quinta-feira (18). Na ocasião, 13 chefes de Executivos estaduais cobraram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Ministério da Saúde providências para a aquisição dessas drogas, suficientes para no máximo 20 dias.
Maia afirma que a maior dificuldade das distribuidoras está em atender a demanda de maneira eficiente e célere, uma vez que as atividades da distribuição são diretamente dependentes da indústria farmacêutica – que nesse momento não está conseguindo produzir o volume necessário para atender todos os pedidos.