ALAGOAS

Governo ainda não tem posicionamento formado sobre afrouxar uso da máscara

Por Tamara Albuquerque 06/03/2022 - 08:20

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Reuters
População resiste ao uso da máscara de proteção, apesar de comprovada proteção contra o coronavírus
População resiste ao uso da máscara de proteção, apesar de comprovada proteção contra o coronavírus

O governador Renan Filho ainda não se posicionou sobre a possibilidade de afrouxar o uso da máscara, adotada como medida de proteção para frear a transmissão do coronavírus. A questão é polêmica no país, onde pelo menos quatro estados, além do Distrito Federal, já liberou a população de manter a peça no rosto, apesar da circulação ativa do vírus. 

No final de fevereiro, os deputados estaduais aprovaram a lei que anula a obrigatoriedade do uso da máscara em locais públicos abertos em Alagoas. Porém, o governador ainda deve definir e regulamentar um percentual mínimo de vacinados para fazer valer o uso facultativo da máscara. A decisão deve ser adotada até o dia 22 de março, um mês após a aprovação da medida pelo Legislativo.

Por enquanto, Renan Filho e o secretário da Saúde, Alexandre Ayres, não se posicionaram oficialmente sobre o tema. Entretanto, nas andanças pelo interior, durante a implantação dos programas para melhorar a infraestrutura das cidades, o governador tem comentado achar "precipitado" tirar a máscara que protege contra a covid-19.

Sobre lugares abertos, a população deve considerar ruas, logradouros, avenidas, alamedas e afins, praças, orla marítima e lagunar, ambientes abertos ao público desprovidos de estrutura de telhado e coberta, entre outros. Neste sábado, 5, o boletim epidemiológico da saúde informou sobre o registro de 679 novos casos de covid-19 em 24 horas, com 11 óbitos. 

Decisão conjunta

 A flexibilização do uso da máscara é debate no país e tem sido alvo de estudos por parte do Fórum dos Governadores que, ainda este mês, pretende emitir uma sinalização conjunta sobre o tema. A melhora nos indicadores que guiam o combate à covid-19 e o próprio anúncio do governo federal de que estuda rebaixar o caráter pandêmico da doença para uma endemia, influencia e contribui para amenizar as medidas restritivas.

Aliás, no Distrito Federal o fim do uso obrigatório das máscaras em ambientes abertos já está em vigor. Já o governo do Rio de Janeiro deixou a cargo dos municípios a dispensa da máscara em locais fechados. Caberá aos gestores municipais a decisão, uma vez que o uso em locais abertos já deixou de ser obrigatório.

Especialistas como Vitor Mori, pesquisador na Universidade de Vermont e membro do Observatório Covid-19 BR, afirma em entrevista ao site Lorena (R7) que menos de 1% das transmissões da covid acontecem em lugares abertos, nesta perspectiva é plausível a liberação das máscaras nesses lugares. Entretanto, o pesquisador explica que os governantes e órgãos não podem apenas flexibilizar, há necessidade de uma comunicação efetiva com a população esclarecendo que locais ao ar livre não significa risco zero. Também defende exigência maior do uso de máscaras em lugares fechados.

Mesmo com as novas ordens de flexibilização do uso das máscaras, muitos especialistas defendem que em espaços fechados e com excesso de pessoas é necessário exigir o uso do produto. Nos Estado Unidos, onde houve a liberação em regiões com bons indicadores, o governo federal mantém a exigência em outros transportes públicos, por exemplo. O médico sanitarista Gonzalo Vecina, referência no tema, é defensor da máscara por um período maior este ano. Em entrevista o médico disse compreender a "pressa" dos políticos em agradar a população, que sofre com o uso da máscara, mas que seria uma decisão precipitada. "Eu vou continuar usando [a máscara] sem locais fechados, como cinemas, teatros, bancos. E vou continuar usando também em locais abertos", anunciou.

Carlos Zárate-Bladés, imunologista e pesquisador do Laboratório de Imunorregulação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é preciso que a população entenda que não existe um lugar “100% seguro”, mas sim uma forma de exposição que oferece menos riscos, ou seja, deve-se ter consciência de comportamentos de menos riscos, não locais.

O que a ciência mostrou à Humanidade é que, devido ao vírus se espalhar por microgotículas que são exprimidas através da fala e da respiração, quando o ambiente é fechado elas podem ficar por até duas horas no ar, tempo suficiente para serem inaladas por outras pessoas e se explorarem.



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