ELEIÇÕES 2022
Dantas e Collor ensaiam 2º turno e Cunha enfrenta discórdias
Palanque de Lira está em pé de guerra enquanto governador e ex-presidente lideram pesquisas
Apesar do pagamento dos R$ 600 do Auxílio Brasil, é quase improvável que o presidente Jair Bolsonaro (PL) consiga ultrapassar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Nordeste. Na região, a diferença entre ambos, segundo o Data Folha, supera os 30%. Rejeitado não apenas no celeiro político-eleitoral de Lula, Bolsonaro investe em discursos pró-golpismo no dia 7 de setembro, questiona o sistema eleitoral brasileiro e ataca com mais virulência os ministros tanto do Tribunal Superior Eleitoral quanto do Supremo Tribunal Federal. É uma tentativa de reverter a desvantagem nas pesquisas.
Em Alagoas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), ensaia afastamento do seu nome ao de Bolsonaro em encontros políticos pelo interior, apesar deste movimento ser inverso nacionalmente e pula a fogueira do golpismo, apesar do escancarado silêncio que escolheu manter em nome do funcionamento do orçamento secreto, a verba bilionária que irriga as bases do Centrão e voltou a ser notícia, desta vez em Rio Largo: o prefeito Gilberto Gonçalves (PP) conseguiu liminar para suspender as investigações da Polícia Federal que apura desvios de R$ 13 milhões.
Enquanto isso, Lira mantém mãos de ferro no destino local de três partidos: PP, União Brasil e PL. PP e União Brasil estão juntos na eleição ao governo do senador Rodrigo Cunha (União Brasil) que terá a deputada Jó Pereira (PSDB) como vice. Mas o PL deve indicar o vice do senador Fernando Collor (PTB), também candidato ao Palácio Re[1]pública dos Palmares. Lira não coloca obstáculos neste movimento e deve estar em dois palanques. Este movimento coincide com a aparição, ao lado de Rodrigo Cunha, do ex-secretário de Segurança Pública Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil), gesto que aparente[1]mente desagradou ao presidente da Câmara.
Mendonça disputa vaga de deputado federal; Lira vai para a reeleição. O presidente do partido de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, prometeu a Lira o comando do PL Alagoas. Collor e Lira mantêm boas relações e subiram juntos no palanque quando o presidente esteve em Maceió em 28 de junho, na entrega de moradias populares inacabadas à beira da lagoa Mundaú.
Enquanto isso, Rodrigo Cunha busca superar os problemas em seu palanque. O prefeito JHC (PSB) demitiu comissionados indicados pelo deputado Davi Maia (União Brasil) por ele se recusar a apoiar Doutor JAC (PSB) a deputado federal. Maia também apoia a candidatura a federal do vereador Siderlane Mendonça (PSB) para ajudar na contagem de votos o irmão de JHC.
Davi Maia e JHC são aliados de Cunha, mas o deputado dual, em suas redes sociais, distancia seu nome do senador. Faz uma campanha-solo acentuando as críticas aos Calheiros, como acontece na Assembleia Legislativa. Outro aliado, também distante de Rodrigo Cunha, é o vereador Francisco Sales (PSB). Ele apoia Daniel Barbosa (MDB) a deputa[1]do federal. Ele é filho do prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa (MDB).
Os Barbosa fecharam consenso e vão pedir votos para Rodrigo Cunha e o deputado estadual Davi Davino Filho (PP), que disputa o Senado. Em Arapiraca, enquanto os Barbosa declararam apoio a Cunha-Davino, a ex-prefeita Célia Rocha, sempre aliada de Luciano Barbosa, optou por Collor ao go[1]verno e expôs seu voto a Bolsonaro. Um duro golpe ao governador Paulo Dantas (MDB) que, ciente de um embate caminhando para o segundo turno, não terá nesta primeira etapa duas importantes lideranças eleitorais do Agreste.
Dantas também não contará com o prefeito de Maragogi, Sérgio Lira (PP) que nesta semana reforçou presença ao lado de Cunha-Jó Pereira. Porém terminou a última semana das convenções levando o vice-prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa (PDT), como seu vice. Uma costura realizada pelo senador Renan Calheiros (MDB) e o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (MDB).
Na prática, Lessa não vai dividir sua imagem com a de Arthur Lira e opta pelo candidato dos Calheiros que lidera as pesquisas. Com poucos prefeitos, Collor faz barulho e adota seu velho estilo de campanha, do “eu sozinho”. Desta vez, ladeado pelos bolsonaristas Leonardo Dias (PL) e Cabo Bebeto (PL). Inaugurou o QG de Bolsonaro na capital e reuniu muita gente em Arapiraca no lançamento de sua pré-candidatura cercada de mistério sobre o tom da campanha.
Por enquanto, não faz críticas ao líder das pesquisas Paulo Dantas e despreza as indiretas de Cunha. Investe nas redes sociais onde abriu para a população sugestões para elaboração do seu plano de governo. Esta estratégia, que inclui a constante exibição de Bolsonaro ao seu lado, lhe rende, até o momento, a segunda colocação nas pesquisas e a liderança em rejeição.