LITERATURA
Ilze Scamparini lança livro de ficção: “Foi como viver outra vida”

A repórter da Globo na Itália Ilze Scamparini faz sua estreia como escritora em livros de ficção ao lançar o romance “Atirem Direto No Meu Coração”, da Editora Harper Collins. Baseado em uma personagem da vida real, a jornalista escreveu o livro nas madrugadas após o expediente de trabalho.
“Foi como viver outra vida. Durante o dia e parte da noite, eu desempenhava as minhas funções desta vida. Na madrugada, entrava num mundo completamente desconhecido pra mim, era como assumir outra identidade. Pude ultrapassar a barreira que separa os fatos da ficção”, relatou ela para a revista Quem.
O livro conta a história de Yana, uma sérvia que se alista como soldada de milícia na esperança de morrer durante os combates da guerra do Kosovo, em 1998. A personagem nasceu de uma entrevista. “Conheci a Yana por acaso. Quando me dei conta, tinha aquela pessoa na minha frente, contando coisas que me pareciam inacreditáveis. Foi um longo processo”, disse a jornalista.
“O primeiro desafio foi arrancar um testemunho que parecesse verdadeiro. Essa experiência me mostrou que quando se trabalha com a memória, ainda mais com lembranças de morte e destruição, as verdades mudam de lugar e os fatos são removidos da mente. Foram necessários anos de entrevista para que os acontecimentos fossem voltando à lembrança”, afirmou.
A jornalista relembrou o processo para a criação do projeto. “Penso que, no fundo, ela queria, precisava contar a sua experiência, até para diminuir o senso de culpa que as guerras deixam nos combatentes. Eu só fui o instrumento possível para isso. Da minha parte, queria escrever um livro que tivesse uma personagem forte, diferente, que viesse de um lugar mais distante, longe da minha cultura ítalo- brasileira e de uma paisagem conhecida para mim. Esse também foi um estímulo adicional, trabalhar a imaginação. A minha Yana é apenas inspirada na Yana real, portanto foram necessários outros anos de pesquisa, com outros personagens, para que a Yana pudesse finalmente ter uma história completa.”