ARTE EM MATIZES

Artista autodidata alagoana vai expor no Museu do Louvre em Paris

Cláudia Sarmento foi selecionada para participar do Salão Internacional de Arte Contemporânea do Carrousel do Louvre
Por Allan Barros / Estagiário sob supervisão 24/04/2023 - 18:57
Atualização: 26/04/2023 - 18:03

ACESSIBILIDADE

Galeria Victor Artes
Claudia Sarmento irá expor na galeria Victor Artes em Maceió
Claudia Sarmento irá expor na galeria Victor Artes em Maceió

A artista visual Cláudia Sarmento, de 45 anos, se prepara para expor suas obras no Carrousel du Louvre, no Salão Internacional de Arte Contemporânea do Museu do Louvre em Paris, em outubro deste ano, sob a curadoria da Vivemos Arte e supervisão artística de Lisandra Miguel. A artista alagoana é autodidata e conseguiu projeção utilizando ferramentas digitais, como o Instagram.

Cláudia é uma artista visual que foca na arte abstrata. Seu estilo, como ela mesma o define, é o de “substratos urbanos e elementos naturais”. Imaginem aquele prédio antigo, ou aquela parede que parece descascada, abandonada, sem vida. Cláudia olha para esses elementos urbanos, feitos pelo ser humano e que podem passar despercebidos e enxerga vida, enxerga natureza. 

Ela transforma ideias como essas em obras. E busca retratar a natureza como “o belo oculto que existe em tudo”, como sublinhou. É o caso de “África” (2021). Tela que, inclusive, é a síntese de sua obra, e que possui o desgaste da natureza, texturas em relevo, uma cor marcante e que, segundo Cláudia, lembra cenários no continente africano, como o sol e o crepúsculo. 

Pincéis e tintas a postos. Movimentos suaves e precisos e uma concentração que mostra a paixão e o propósito pelo que está fazendo. É assim que Cláudia Sarmento trabalha. Durante a semana, antes de pintar suas obras, a rotina se concentra em refletir e conceber ideias de telas em potencial, sempre visualizando mentalmente cores, pesquisando referências de outros artistas, assistindo televisão e séries, sempre observando as pinturas nos ambientes. “Eu monto uma tela mental. Às vezes, começo pela cor e processo na mente para depois juntar informações e executar a tela”, explica a artista.


Foi em um dia comum na pandemia, em 2020, que Cláudia Sarmento, alagoana de 44 anos, recebeu um telefonema da mãe. Um parente de Cláudia pediu a ela que pintasse um quadro para seu centro de assistência social, que fica em um dos bairros mais carentes de União dos Palmares, na Zona da Mata alagoana. Mal sabia ela que esse seria o incentivo que ela precisava para voltar a pintar depois de 15 anos. 

E, de 2 anos para cá, sua ascensão como artista visual autodidata e independente impressiona e nos mostra o poder das redes sociais na divulgação artística nos dias de hoje. Cláudia já expôs em São Paulo, Búzios, Itália (virtualmente) e prepara exposições em Maceió e Paris.

Arte e redes sociais

O advento da internet mudou a forma como os seres humanos interagem em diversos aspectos sociais, políticos e culturais. Na arte, portas foram abertas para a livre criação e divulgação das obras em plataformas e em formatos que antes não existiam.

Por exemplo, no Instagram, artistas podem interagir com o público e receber um panorama de aceitação ou rejeição de suas obras. Podem, até mesmo, ser artistas desconhecidos, e conseguir divulgar para pessoas de várias partes do mundo. Esse foi o caso de Cláudia, que usa o Instagram como seu principal meio de divulgação e foi por lá que conseguiu se projetar para o mundo. “As redes sociais foram fundamentais no meu trabalho, não teria chegado ao ponto em que estou hoje sem elas”, definiu Cláudia. 

Essas redes são veículos gratuitos e, mesmo que se queira desembolsar algum dinheiro para fazer anúncios, é algo que pode ser mais barato. Há, ainda, a possibilidade de ganhar dinheiro diretamente pelas redes. 

No caso de Cláudia, que hoje tem pouco mais de 1600 seguidores em seu perfil profissional no Instagram, a rede lhe levou para a 26ª edição da Expo Arte São Paulo, na rua Oscar Freire, e a levará, no ano que vem, a expor em um museu histórico e dos mais conhecidos e apreciados do mundo. Sarmento vai expor suas telas sob o mesmo teto de “Monalisa” (séc. XVI), de Da Vinci.

Mas, claro, nada disso poderia ter sido alcançado se ela estivesse sozinha. Nos bastidores, além do apoio de amigos e da família, sua filha, Natália Sarmento, de 19 anos, é uma peça-chave em seu trabalho. “Sem minha filha, eu não estaria comercializando arte”, confessa Cláudia.

Tomando conta de toda a parte burocrática, do design de ambientes para as publicações das telas nas redes sociais, fazendo contatos com galerias e outros artistas, Natália conseguiu que a mãe vá a Paris pela perseverança. Por meio do Instagram, ela conseguiu acompanhar o trabalho de uma artista que expôs no Louvre e recebeu retorno da assessoria dessa artista quanto às obras da mãe, que se mostrou positivo. Assim, Cláudia foi convidada para ir ao Louvre.

Isso demonstra o papel importante que Natália exerce na carreira da mãe, mesmo ainda tão jovem. Mas, a dedicação dela e o estudo para auxiliar a mãe vão além, é algo que procura ser profissional. “Hoje em dia, o artista pode ser incrível, mas sem marketing, sem estratégia de venda, é impossível se projetar”, conclui Natália.

Próxima exposição

Antes de Paris, Cláudia Sarmento vai expor na galeria Victor Artes, que fica no bairro do Poço em Maceió. A exposição "Matizes", a ser divulgada ainda nesta semana, remete às várias nuances e tons com os quais a artista se identifica na coletânea de obras. "O público pode esperar [da exposição] os elementos naturais em seus processos, capturados em cores e fases diversas", destaca Cláudia.

Sobre a nova oportunidade, a artista alagoana ressalta que "uma exposição é sempre importante. São novos olhares sob outras perspectivas. Traz renovação para o artista".

Para mais informações, acesse, no Instagram: @claudiasarmentoartes e @victorartesmcz. 

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