Política

Relator tem três alternativas para PL da Dosimetria. Texto atual não passa

PL original pode beneficiar criminosos para além dos condenados pela tentativa de golpe de Estado
Por Estadão Conteúdo 15/12/2025 - 12:47
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Agência Senado
Esperidião Amin, relator do PL da Dosimetria no Senado
Esperidião Amin, relator do PL da Dosimetria no Senado

O relator do projeto de lei (PL) da Dosimetria no Senado, Esperidião Amin (PP-SC), diz ver três alternativas para o texto que chegou da Câmara. Como revelou o Estadão, o texto pode beneficiar criminosos para além dos condenados pela tentativa de golpe de Estado, intuito original da proposta.

Em entrevista à GloboNews, Amin fez coro ao colega Otto Alencar (PSD-BA), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e afirmou que o PL, do jeito que está, não tem apoio suficiente para ser aprovado no colegiado.

"Infelizmente o texto que veio da Câmara, teoricamente para reduzir o tempo da Débora do Batom ou de Bolsonaro, abrange outros tipos penais, desde corrupção até exploração sexual. Isso não vai passar. Não é apenas o senador Otto Alencar, eu tenho certeza de que nenhum outro senador declarará o seu voto a favor (disso)", afirmou o catarinense.

Para Amin, é possível: salvar o PL enviado da Câmara "com um grande acordo"; modificá-lo para retirar as brechas que podem beneficiar corruptos e criminosos; ou sepultá-lo e substituí-lo por um novo projeto no Senado, "que pode ser de dosimetria ou de anistia".

O senador catarinense está em conversas desde a semana passada com Alessandro Vieira, relator do PL Antifacção no Senado, para tentar tapar os buracos do texto relatado pelo deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP).

Isso porque o PL da Dosimetria, além de reduzir as penas e o tempo de prisão em regime fechado para beneficiar os bolsonaristas pegos nos ataques do 8 de Janeiro e o ex-presidente Jair Bolsonaro, vai na contramão do PL Antifacção aprovado no Senado. Trechos dos dois projetos são incompatíveis e conflitantes.

O governo Lula avalia que o PL beneficia com um porcentual de progressão mais generoso crimes graves como aqueles contra a administração pública, incolumidade pública (incêndio, explosão), contra a saúde pública, contra a fé pública (falsidade ideológica, de documento público) e os crimes contra o Estado democrático de Direito.

Também pode abrandar penas de crimes como violação sexual mediante fraude, importunação sexual e corrupção de menores, por exemplo, uma vez que não são crimes hediondos e não estão cobertos pela exceção criada no PL da Dosimetria.

Os senadores não têm ainda uma solução para salvar o projeto e evitar uma modificação drástica o bastante que o devolva para apreciação na Câmara. Amin define como "um desafio à criatividade" de como retirar os jabutis pró-criminosos sem que o texto volte à outra Casa.

Vieira pretende apresentar um voto em separado que, segundo Amin, para corrigir o favorecimento a crimes diversos daqueles relativos ao 8 de Janeiro, o que pode atrasar a tramitação no Congresso.

"Existe essa possibilidade (de começar originalmente um projeto no Senado). A iniciativa do senador Vieira, se for aprovada, vai resultar no encerramento do projeto que veio da Câmara e no início do projeto que teria como base o seu voto em separado, com as alterações que forem aprovadas. Esse seria o projeto que iria para a Câmara. O Senado passaria a ser o iniciador, e a Câmara passaria a ser o órgão revisor", declarou à GloboNews.

Amin é favorável à anistia para os golpistas, mas diz que sua missão é "procurar aprovar o que veio da Câmara de acordo com o que se enuncia, que é se propiciar uma redução de penas que seria imediatamente aplicável". Ele deverá apresentar o relatório até quarta-feira, 17.


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