AVIAÇÃO

Pane seca é a principal causa de acidentes aéreos no Brasil, mostra levantamento

Por Congresso em Foco 25/12/2016 - 20:34

ACESSIBILIDADE


O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) produziu 45 relatórios finais de acidentes que ocorreram entre 2002 a 2015 a respeito da queda de aeronaves no Brasil que tiveram como principal causa a falta de combustível, conhecida como “pane seca”. Desses acidentes, 27 ocorreram em áreas rurais. Ao todo, 11 pessoas morreram das 107 que estavam a bordo de aviões e helicópteros acidentados. Outras sete foram feridas gravemente.

Por conta desses acidentes, foram expedidas 81 recomendações de segurança de voo das quais 61 são direcionadas para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Nessas recomendações constam medidas como realizar gestões junto aos pilotos envolvidos e a divulgação do conteúdo dos relatórios em seminários, palestras e outros tipos de apresentações voltados aos proprietários de aeronaves, por exemplo. A Anac não explicou, até o fechamento desta reportagem, como tem atendido às recomendações.

A pane seca é tida como o principal motivo para tragédia em Medellín com o avião da Chapecoense, onde 71 pessoas morreram, incluindo grande parte da delegação do time, jornalistas, convidados e tripulação.  No Brasil, as fatalidades por falta de combustível ocorreram com 40 aviões e cinco helicópteros que ficaram com danos de “substanciais” a “graves”. Em agosto de 2015, o acidente registrado mais recente por conta de pane seca ocorreu na cidade de Pacaembu (SP). O avião do fabricante Cessna Aircraft teve de fazer um pouso forçado em um pasto, após parada total do motor. O piloto, único na aeronave, saiu ileso. Aliás, São Paulo foi o estado que teve maior número dos casos contabilizados, seguido por Minas Gerais, com seis casos.

Em uma das quedas que envolveram um helicóptero, a aeronave decolou de um condomínio privado na cidade de Fronteira (MG), com destino ao aeródromo de São José do Rio Preto (SP). Durante o percurso, o piloto constatou uma pane no motor o que fez com que ele realizasse uma colisão contra o solo durante o pouso. Das quatro pessoas que estavam a bordo, três não tiveram ferimentos graves.

“Responsabilidade é do piloto”

O especialista em aviação civil João Carmo explica que a decisão da quantidade de combustível que será abastecida antes do voo é tomada pelo comandante da aeronave em questão e que a competência de abastecer cabe a algum dos tripulantes. Além disso, Carmo lembra que o plano de voo inclui a informação da quantidade de combustível definida pelo piloto e que ela passa por uma revisão na sala de tráfego. “O formulário é avaliado pelo órgão de controle, no caso, pela sala de tráfego, para verificar se a aeronave preencheu os dados de acordo com o requisito”, afirma.

“Pouco combustível também é pane seca”, explica o especialista e acrescenta que a falta de combustível pode vir por diversas causas. “Ela (pane seca) pode ocorrer por falha técnica, por exemplo, vazamento de combustível ou porque o piloto decidiu voar além do limite que a aeronave comporta”.

Consumo do combustível

Segundo professor de aviação civil, há variáveis que podem influenciar o consumo de combustível das aeronaves. “A altitude de voo, assim como o vento, alteram o consumo pelo fato de mudarem os tempos de voo. Por exemplo, quanto mais alto, economiza mais combustível. Essas coisas não só podem como devem ser previstas”, disse.


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