SAÚDE

Você conhece o distúrbio que anestesia os sentimentos?

Anedonia faz com que a pessoa não sinta mais prazer e interesse em atividades que antes proporcionavam satisfação e bem-estar
Por Panorama Farmacêutico 12/02/2023 - 15:37
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Um dos sintomas da depressão, a anedonia faz com que a pessoa não sinta mais prazer e interesse em atividades que antes proporcionavam satisfação e bem-estar. O paciente se torna indiferente consigo mesmo, não demonstra apego a nada, nem mesmo à própria vida, e resiste a sair dessa situação. Ele também parece incapaz de demonstrar ou experimentar sentimento negativo, ou seja, não há qualquer reação emocional.

O quadro é acompanhado de desânimo, cansaço, fadiga, apatia, redução de energia e dificuldade de concentração. Embora seja o sintoma fundamental para o diagnóstico da depressão mais severa, também estão sujeitos a essa condição os usuários de drogas e álcool, em períodos de crises de abstinência. E ainda pode ser observado em pessoas que sofrem de esquizofrenia, neurastenia, mal de parkinson, câncer, estresse pós-traumático, distúrbios alimentares (anorexia) e transtornos de ansiedade.

Danos à saúde

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a anedonia afeta 70% dos pacientes com depressão. No mundo são 322 milhões de pessoas, explica o psiquiatra Luiz Scocca, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e da Associação Americana de Psiquiatria (APA), em matéria da BBC News Brasil. Em nosso país, são 11,5 milhões, quase 6% da população.

Diferente da tristeza, que não interfere na execução de atividades rotineiras e costuma ser passageira, a anedonia tem grande potencial de afetar a qualidade de vida da pessoa se persistir por um longo tempo. A falta de um tratamento adequado pode deteriorar as relações no trabalho, na família, de amizade e interpessoais.

Isolamento voluntário


O distúrbio inibe os comportamentos saudáveis para uma vida plena. E os prejuízos à saúde incluem ainda alterações do sono, insônia, ganho ou perda de peso sem controle e redução ou perda total da libido. A pessoa pode perder o prazer por uma coisa específica de que sempre gostou muito, como escutar música e comer, ou por todas. Daí vem o vazio interior que o afasta da convivência com os demais e o leva, inevitavelmente, ao isolamento social.

A anedonia também está relacionada a níveis baixos do neurotransmissor dopamina, um dos mensageiros químicos pelos quais os neurônios se comunicam. Responsável pela sensação de prazer, pode não circular na quantidade certa no sistema nervoso central do paciente com o problema.

O especialista psicoterapeuta diagnostica o distúrbio a partir do relato de pessoas próximas ao paciente e da sua própria observação em relação à falta de reações emocionais da pessoa afetada. Não há exame clínico objetivo capaz de indicar o mal. Se a investigação apontar para um sintoma de depressão, o tratamento é feito com antidepressivos, estabilizadores de humor e ansiolíticos, que podem ou não estar associados a uma terapia. O estímulo à prática de atividades físicas é fundamental.

Apoio terapêutico


A duração do tratamento depende da gravidade do quadro. Pode levar meses, anos ou ser mantido durante a vida inteira. As alternativas incluem ainda técnicas de relaxamento e respiração, meditação, acupuntura e massagens. Esses métodos ajudam a acalmar a mente, diminuindo os pensamentos negativos, além de dar mais disposição e proporcionar a melhora da saúde como um todo.

De acordo com a OMS, nos últimos 50 anos, a prevalência da depressão vem aumentando e a estimativa é a de que, até 2025, será a segunda causa de incapacidade no mundo.


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