Impunidade

Kleber Malaquias: cinco anos após assassinato, mandante não é identificado

Filha de 14 anos faz desabafo nas redes sociais no aniversário do pai
Por José Fernando Martins 15/07/2025 - 07:49
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Reprodução/facebook
Kleber Malaquias, executado no dia em que completou 41 anos
Kleber Malaquias, executado no dia em que completou 41 anos

Cinco anos após a execução do empresário Kleber Malaquias, a principal pergunta ainda segue sem resposta: quem mandou matar o empresário? Apesar das condenações de quatro envolvidos no crime, o mandante permanece desconhecido, e a dor da família continua viva — como mostrou o depoimento emocionado da filha de Kleber, hoje com 14 anos, publicado nas redes sociais neste 15 de julho, dia em que o pai completaria mais um ano de vida.

“Meia década já desde aquela última ligação, né, pai?”, escreveu a jovem em um post comovente. “Às vezes me pego pensando se o senhor se orgulharia de mim e do meu irmão, de quem somos hoje. Ninguém se imagina perdendo um dos pilares da vida tão cedo.”


O texto, publicado na manhã de terça-feira, 15, é um relato de saudade, luto e força. A adolescente, que perdeu o pai aos nove anos, conta que nunca teve o hábito de escrever homenagens nas datas marcantes, mas que neste ano sentiu a necessidade de falar. “É uma ferida que nunca fecha por completo. Mas, não é só tristeza. O senhor me ensinou muita coisa.”

Ela lembra da voz do pai, das brincadeiras e da maneira carinhosa como ele se referia aos filhos. “Duduzinha do papai, Netinho do papai... Dói”, escreveu. E conclui, com esperança: “Sei que, em algum lugar aí em cima, o senhor está comemorando, afinal, apesar de tudo, ainda é o seu aniversário.”

A mãe do empresário, Evany Malaquias, também usou as redes para desabafar: “Hoje faz cinco anos de muita tristeza e dor. Um dia que era pra ser comemorado, mas se tornou o mais triste da minha vida. Esses covardes mandantes tiraram a vida de um sonhador, tudo pelo maldito poder e dinheiro sujo de sangue de um inocente.”

Justiça parcial

O crime aconteceu em 15 de julho de 2020, dentro de um bar em Rio Largo, região metropolitana de Maceió. Kleber foi assassinado a tiros no dia em que completava 41 anos. Conhecido por fazer denúncias contra políticos locais, ele já havia relatado ameaças e dizia temer por sua vida.

Em fevereiro deste ano, após dois dias de julgamento, quatro réus foram condenados pela execução:

. Fredson José dos Santos: 30 anos de prisão em regime fechado
. Marcelo José Souza da Silva: 24 anos em regime fechado
. José Mário de Lima Silva: 12 anos, com parte em regime semiaberto; responderá em liberdade
. Edinaldo Estevão de Lima: 8 anos em regime semiaberto; também autorizado a cumprir pena em liberdade

Os dois últimos, sargentos da Polícia Militar, tiveram ainda a perda do cargo militar determinada pela Justiça. A promotoria foi conduzida pelos promotores Lídia Malta e Thiago Riff. O julgamento foi presidido pelo juiz Eduardo Nobre.

Apesar das condenações, o mandante do crime ainda não foi apontado oficialmente. Durante o processo, o Ministério Público revelou que os réus tentaram incriminar um policial morto e que houve tentativa de forjar provas. O delegado Daniel Mayer, acusado de envolvimento no encobrimento, chegou a ser preso. Ainda assim, nenhuma prova técnica foi capaz de identificar o autor intelectual do crime.

“Justiça é o que mais desejo nesta vida”, afirmou Evany, mãe de Kleber. “Que esses covardes mandantes paguem na Justiça dos homens e na de Deus.”


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