CENÁRIO INTERNACIONAL

Rússia suspende acordo que permitia exportação de grãos e ONU prevê disparada de preços

Ucrânia exportava 32 milhões de toneladas através do corredor humanitário no Mar Negro
Por Redação 17/07/2023 - 20:45

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A Rússia cumpriu sua ameaça e suspendeu o acordo que permitia à Ucrânia exportar 32 milhões de toneladas de grãos através do corredor humanitário no Mar Negro. O pacto, que havia sido mediado pela ONU e pela Turquia, chegou ao fim nesta segunda-feira, 17, e essa decisão representa um duro golpe para os agricultores ucranianos e para os países que lutam contra a fome.

A saída da Rússia do acordo era esperada, apesar dos apelos contínuos da ONU e de agências de ajuda humanitária. O presidente Vladimir Putin deixava claro que não via benefícios no acordo e demandava que o banco agrícola estatal da Rússia, o Rosselkhozbank, fosse readmitido no sistema de pagamentos SWIFT. Embora o secretário-geral da ONU, António Guterres, tenha enviado uma proposta contemplando uma subsidiária do banco, não houve resposta.

Segundo o presidente russo, as sanções ocidentais impediam as exportações de alimentos e fertilizantes, e os grãos não chegavam aos países pobres. Ele reclamou, na semana passada, que era o suficiente, indicando que o pacto seria interrompido.

A ONU refuta esses argumentos e assegura que o acordo era vantajoso para ambas as partes, reduzindo globalmente os preços dos alimentos em mais de 20%. A Holanda expressou uma análise básica da decisão do Kremlin, chamando-a de "totalmente imoral" e acusando a Rússia de usar alimentos como armas.

A consequência imediata dessa decisão é que os preços dos grãos devem disparar novamente, assim como ocorreu no início da invasão russa à Ucrânia, quando os navios de guerra russos bloquearam os portos, impedindo o transporte de 20 milhões de toneladas de produtos.

Dados da ONU mostram que o acordo beneficiou 45 países em três continentes: 46% dos grãos foram para a Ásia, 40% para a Europa Ocidental, 12% para a África e 1% para a Europa Oriental. Países como Afeganistão, Sudão, Djibouti, Etiópia, Quênia, Somália e Iêmen, que enfrentam insegurança alimentar, receberam 725 mil toneladas de trigo ucraniano por meio do Programa Mundial de Alimentos.

O acordo firmado há um ano e renovado três vezes pela Rússia tinha como premissa básica que os navios ucranianos que trafegavam pelo corredor marítimo não seriam atacados. Porém, nos últimos dois meses, o número de embarques diminuiu, e a Ucrânia acusou a Rússia de atrasar as inspeções. A decisão anunciada pelo Kremlin nesta segunda-feira confirma o término do pacto de grãos no Mar Negro.

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